É o camisola 10 do Quinta dos Lombos, mas também o símbolo de uma era de golos e glória. Aos 34 anos, Willian Carioca está perto de se tornar o melhor marcador do clube na Liga Placard
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Com 34 anos, Willian Carioca é o coração e a alma do Quinta dos Lombos, o rosto de uma história construída com esforço, golos e momentos inesquecíveis. Desde que chegou a Carcavelos, em 2021, o pivô brasileiro fez o que melhor sabe: marcar. Ao ponto de se tornar o principal goleador da equipa desde a época 2015/16, somando já 66 golos. Agora, está a apenas cinco tentos de mais um feito histórico: ser o maior marcador de sempre do clube na I Divisão. “Chegar a essa marca seria incrível. É bom sentir que estou a contribuir para a equipa e, ao mesmo tempo, a deixar um traço positivo no clube. Mas nunca é só sobre mim, o golo é sempre o resultado do trabalho de todos”, partilha Willian.
Ao longo dos anos, o brasileiro colecionou momentos únicos, mas há um que ficará para sempre gravado na memória. Foi a 4 de dezembro de 2021, num jogo contra o Candoso. Naquele dia, o ala tinha acabado de se tornar pai: “Passei a noite inteira no hospital, a acompanhar o parto do meu filho, Eron. Quando o horário de visitas acabou, fui direto para o jogo, sem dormir. Prometi a mim mesmo que ia marcar por ele. Quando consegui, só consegui chorar. Foi uma explosão de emoção.” Desde então, cada golo tem um destinatário especial. Antes de celebrar, beija a tatuagem que tem no braço dedicada ao pequeno Eron, um gesto que se tornou a sua assinatura.
Esta temporada, Willian continua a provar que a idade é apenas um número. Com oito golos em nove jogos, mantém-se como a referência ofensiva do Quinta dos Lombos, que ocupa o sexto lugar da Liga Placard. No entanto, o segredo do sucesso é simples: trabalho. “Hoje, sinto que estou no meu melhor. A experiência dentro e fora de campo ajuda, mas é a preparação que faz toda a diferença. Se não te preparares, não vais longe”, explica. Embora se aproxime dos 35 anos, Willian não dá sinais de abrandar. “Enquanto estiver bem física e mentalmente, quero continuar. Ainda tenho muito para dar”, afirma. No entanto, já olha para o futuro com precaução. Está a tirar uma licenciatura em Educação Física, mas sublinha que, por enquanto, o futsal continua a ser a sua prioridade. “A vida fora da quadra pode esperar. Ainda há muito futsal para jogar”, atira, com um sorriso confiante.
Futsal português sempre a crescer
Willian Carioca tem sido testemunha da evolução do futsal português desde a sua chegada, em 2017/18, e recorda um campeonato muito diferente do atual. “Na altura, a maioria das equipas era amadora. Lembro-me de um jogo em que um ou dois colegas não puderam comparecer porque não conseguiram faltar ao trabalho”, recorda. Hoje, o cenário é outro. “Agora, vemos mais surpresas nos resultados. O Sporting e o Benfica perdem pontos contra equipas com menos orçamento, mas muito trabalho”, sublinha.