Jonas Vingegaard e João Almeida compreendem protestos pró-Palestina que têm marcado a Volta a Espanha de 2025
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O líder da Volta a Espanha em bicicleta, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), e o segundo classificado, o português João Almeida (UAE Emirates) disseram esta segunda-feira compreender os protestos pró-Palestina à margem da corrida.
“Para ser sincero, acho que todos nós sentimos que o que se passa aqui, com todas as pessoas que se têm manifestado, é que procuram uma forma de chegar às notícias. Sentem que não há atenção suficiente, estão muito desesperadas, e é por isso que o fazem”, explicou Vingegaard, em conferência de imprensa no último dia de descanso da Vuelta.
Também Almeida considerou que “toda a gente tem o direito de protestar e manifestar-se pelo que acha que é correto”.
A Volta a Espanha tem contado com a presença constante de pessoas que apoiam a causa palestiniana, face à invasão israelita em Gaza, com bandeiras ao longo do percurso das etapas e manifestações de solidariedade, protestando, além disso, a presença da equipa israelita Israel Premier Tech.
A equipa mudou entretanto os equipamentos, para não se identificar com o país, mas os protestos prosseguem, tendo levado à anulação de uma chegada e à alteração de alguns dos traçados, por receio de que os ciclistas sejam importunados na estrada, como aconteceu com a Premier Tech no contrarrelógio por equipas ou, no domingo, com dois ciclistas que caíram após sentirem a aproximação de um manifestante.
O Governo espanhol e a organização da prova sugeriram à equipa israelita que se retirasse da Vuelta, o que esta recusa fazer para não abrir um “precedente perigoso”, e a União Ciclista Internacional (UCI), que em 2021 baniu equipas russas e retirou a bandeira dos ciclistas daquela nacionalidade, condena os incidentes, sem apontar a qualquer decisão.
João Almeida lamentou que as manifestações possam “colocar os corredores em perigo”, o que considera que “não faz muito sentido”, discordando dessa opção de “interferir com a corrida”.
Vingegaard afirmou que é “desafortunado que os protestos tenham de acontecer na Vuelta”, mas atribuiu essa posição “ao muito desespero e a necessidade de mais atenção” para o que se passa em Gaza.
No domingo, na chegada a Monforte de Lemos, o camisola vermelha da corrida já tinha descrito a situação em Gaza como “horrível”, considerando que os manifestantes “querem uma voz, fazem isto por uma razão”.
Também hoje, um representante da autarquia de Valladolid disse à agência noticiosa EFE que o contingente policial para o contrarrelógio individual de quinta-feira, naquela cidade, foi reforçado com mais 450 agentes, alguns deles à paisana, antecipando mais protestos na corrida.