Segunda etapa do GC32 Racing Tour termina este domingo, em Lagos.
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O Campeonato do Mundo e a segunda etapa do GC32 Racing Tour, que está a disputar-se em Lagos, só termina este domingo, mas os velejadores já querem voltar às águas algarvias.
Martinho Fortunato, comodoro do Clube de Vela de Lagos, é uma pessoa extremamente ligada à modalidade e para quem é um orgulho organizar uma prova deste gabarito e em casa.
"Eles quererem voltar a Lagos foi um reconhecimento grande daquilo que tinha sido feito no ano passado. E foi engraçado, os velejadores votaram para que o Campeonato do Mundo fosse aqui e nós só soubemos depois, mas claro que aceitamos este desafio", começou por afirmar o também administrador da Marina de Lagos.
Segundo Fortunato, ainda durante o dia de sábado (terceiro dia da prova), houve "feedback das duas principais equipas". "Vieram pessoalmente agradecer pelo evento estar fantástico e vi um deles a agradecer ao Presidente da Classe Internacional e a perguntar-lhe como descobriu Lagos e porque é que ainda não tinham vindo cá., porque as condições de mar e vento são perfeitas".
O sucesso da prova que termina este domingo no barlavento algarvio é, segundo o atual velejador na classe moth, "enorme, o clube é uma instituição pequena, de uma cidade pequena, não tem sócios nem membros como outros maiores, mas é muita carolice de toda a gente, muita entrega dos miúdos, dos pais e das pequenas empresas locais que fazem com que isto aconteça, somos uma família gigante".
A organização de um evento que reúne patrocinadores mundialmente conhecidos, velejadores medalhados e multimilionários fica entre "200 a 300 mil euros", mas o velejador de 45 anos garante: "Temos um compromisso grande com a Câmara que dá um apoio enorme e contamos com a ajuda e envolvimento de imensas entidades que abraçam este desafio. Sendo uma cidade mais pequena, ao contrário do Porto e de Lisboa, que também já organizaram este tipo de provas, há imensas empresas locais que se envolvem e inúmeros empresários estrangeiros que são sócios do clube e que fazem donativos para a prova, penso que acabamos por fazer com um valor razoável e aceitável um evento fenomenal".
O valor de investimento é grande, mas segundo um estudo realizado pela Universidade do Algarve "o dinheiro investido em 2018 foi multiplicado por 12, o que significa que as equipas e todas as pessoas que as acompanham gastaram 12 vezes mais".
Mas Martinho Fortunato revelou: "Este ano será bastante mais do que isso, porque temos um Campeonato do Mundo, temos mais e melhores equipas, e patrocinadores muito fortes que estão a trazer bancos de investimento, de companhias aéreas, marcas de relógios, marcas de carros, está a ter um impacto enorme na hotelaria e na restauração em toda a cidade".
Apesar do setor económico ter claramente o seu peso, Martinho Fortunato garante que o "impacto da visibilidade é o principal objetivo, temos cá jornalistas de todo o Mundo e eles estão a mostrar Lagos é importante aparecermos e ficarmos no mapa". Acrescentando: "Um dos objetivos do clube é transmitir valores aos miúdos, queremos que eles saibam o que é dar para o bem comum e ajudar a modalidade a ser divulgada. É nosso desejo voltar as pessoas para o mar, ainda há muito o estigma que é um desporto para ricos, mas os clubes têm barcos e outras condições, a mensalidade da natação no caso dos meus filhos é mais cara do que a da vela".
Como velejador e ex-campeão do mundo na classe 420 (1996), Martinho Fortunado está entre colegas: "tenho saudades desses tempos, mas acabo por viver agora com dois dos meus três filhos que praticam vela. Além disso agora estou na classe moth, que também tem foils" e garante "a minha experiência, vivência é uma mais valia para este evento, falamos a mesma língua".
As pessoas que estão nas praias de Lagos e mesmo na cidade conseguem ver os catamarãs GC32 ao longe e "como as velas são grandes, apercebem-se da velocidade com que andam, só não conseguem sentir a adrenalina, eles vão muitas vezes no limite", e o velejador que no ano a seguir a ser campeão do mundo, ficou em terceiro lugar no Mundial de Match Racing na classe 420 juntamente com a sua namorada na altura, agora esposa garante que andar num catamarã com foils é "como andar nas nuvens, uma experiência magnífica. Pode-se pensar que por eles serem grandes não se movem rápido, mas é mentira, assemelha-se a conduzir um fórmula 1 na velocidade máxima".
Quanto ao regresso para o ano, Martinho Fortunato concluiu: "Esta prova como etapa do circuito deverá voltar, agora como Campeonato do Mundo será mais difícil. Apesar dos velejadores quererem, a organização não quer repetir o local e faz sentido, por isso pelo menos no próximo ano será noutro local, para quem sabe regressarem daqui a dois anos a Lagos".
As últimas regatas que vão ditar o Campeão do Mundo e vencedor da segunda etapa do GC32 Racing Tour já começaram e vão ser disputadas nas próximas horas junto às praias e ao centro da cidade de Lagos.