Cinco dias depois de terminar o Campeonato do Mundo e segunda etapa do Racing Tour, da classe GC32, em Lagos, Rodrigo Moreira de Rato tem o sentimento de dever cumprido.
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O último dia passado na Marina de Lagos foi recheado de agradecimentos e elogios em todas as línguas. "É impressionante, é do chinês ao alemão, ao italiano ao francês, ao australiano, é incrível. É uma coisa inacreditável, quando sabemos que há coisas que podem ser melhoradas, e quando temos mesmo os melhores do mundo a dizerem-nos que foi perfeito", afirmou satisfeito Rodrigo Moreira de Rato.
Acrescentando: "Há sempre coisas a ajustar, mas é bom saber que apesar disso eles só nos dizem para no próximo ano termos atenção com a data, porque há jogos olímpicos".
"Vim a Lagos, em 2017 com o Christian Scherrer [manager do GC32 Racing Tour], disse-lhe que era uma cidade pequena e que não tinha muito dinheiro, mas que tinha um conjunto de pessoas, que apesar de eu não conhecer bem, acreditava que eram capazes de fazer magia", revelou o organizador natural do Porto.
Acrescentando: "Acabamos por em 2018 fazer um evento extraordinário, até porque a classe disse logo que que tínhamos que fazer o Mundial, porque eramos os melhores, e agora que acabamos o Campeonato do Mundo só se fizermos o do Universo, porque se até o responsável máximo do Alinghi [novo campeão do Mundo] afirmou que este é o melhor sítio do Mundo".
"O Glenn Ashby do Team Tilt, campeão em título da Americas"Cup disse-me que este é o melhor local para andar com foils, e ele não faz esse elogio gratuitamente porque não o pode fazer, e entre ele outros. Isso é muito importante para Portugal e não tem a com Algarve ou Lagos, tem a ver com a capacidade com que os portugueses têm em superarem-se e fazerem coisas extraordinárias", rematou Rato.
A prova que decorreu no barlavento algarvio durou quatro dias, mas o trabalho não ser resume só a esses, conforme explica o diretor do LX Sailing: "Dá muito trabalho, desde da prova de 2018 que a organização não parou, até para encontrarmos apoios financeiros, e a cidade respondeu positivamente, isto é muito importante, a cidade percebeu a dimensão, as empresas e os empresários da cidade disseram que sim, só realmente quem não nos disse que sim foi o Turismo, o Turismo tem que olhar para isto".
E revela: "Um pessoa acha que 10 barcos é pouca coisa, mas esta prova só é possível por estarmos aqui num triângulo, entre a cidade, as condições naturais, a Marina de Lagos e a Sopromar. Porque só com a logística deles e a capacidade de acolher as equipas um mês antes, ceder os espaços e as instalações é que foi possível atingir a perfeição. A perfeição não são os dias de evento, são os 30 dias antes que as equipas cá chegam".
Quanto ao futuro, o responsável pela organização garante: "Passa por aqui, a não ser que quem manda neste país não queira. O retorno é astronómico, a cobertura mediática em mercados uns mais longinquos, outros mais próximos é enorme. Todo o dinheiro que a Câmara investiu ficou cá, e mais dinheiro que não conseguimos também ficou". Acrescentando: "O clube não tem nenhuma preocupação em enriquecer à custa deste evento, quando muito vai aos seus bolsos para fazer um evento melhor. O importante é que cada euro que ele receba seja trocado, por cinco, dez, por 20 ou por 30 na cidade e na região, e isso aconteceu".
Relativamente ao Campeonato do Mundo em si, Rodrigo Moreira de Rato tem uma opinião formada: "Eles querem voltar claramente, mas às vezes acho que é preciso não fazer, acho que é bom fazer noutros sítios, há sítios fantásticos. Claro que uma pessoa adorava ter aqui o Campeonato do Mundo durante 10 anos, mas eu acho que ele tem de sair, para voltar, e ele volta e volta não só de GC, neste momento em Lagos temos os circuitos, classes, todos a baterem-nos à porta, muito deste velejadores são olímpicos ligados a outras classes a dizer que o que está aqui não há paralelo, e que as condições naturais estão cá".
Apesar do ar cansado, foi possível ver que após coroar o Alinghi, o novo campeão do Mundo e fazer o encerramento oficial da prova, Rodrigo Moreira de Rato respirou de alívio, com a sensação de dever cumprido.
"Dever cumprido é a sensação de que tudo o que podia ter sido feito foi feito, 99,99 por cento desta equipa são voluntários, isto é incrível, nós somos um país onde não há voluntários, não há voluntarismo, ninguém faz nada, mas aqui vieram pessoas da Madeira, de Lisboa, dos Açores, pessoas de Lagos que tiraram férias para estar cá, vieram de Inglaterra, isto prova que recebemos muito bem as pessoas e que as pessoas se sentem casa e isso é a maior recompensa. Estamos cansados, exaustos mas a maior recompensa é eles partirem e dizerem até já", concluiu com um ar visivelmente satisfeito Rodrigo Moreira de Rato.