Ucranianos insurgem-se contra reintegração de judocas russos com hino e bandeira

Rússia e Bielorrússia não podem competir ou realizar provas de atletismo internacionais
A Federação de Judo da Ucrânia insurgiu-se, esta quinta-feira, contra a reintegração dos atletas russos, com hino e bandeira, prometendo tentar impedir a aplicação da decisão que consideram "contrária aos princípios da paz, justiça e responsabilidade"
"Tomaremos todas as medidas possíveis para impedir a aplicação desta decisão, contrária aos princípios de paz, justiça e responsabilidade, e que mina a confiança nas instituições desportivas internacionais", reagiu o organismo, na sua conta do Instagram.
A Federação Internacional de Judo (FIJ) é a primeira organização desportiva a levantar a suspensão aos competidores russos, que a partir de sexta-feira, no Grand Slam de Abu Dhabi, podem competir em representação do país.
A FIJ comunicou hoje que terminam as restrições aos atletas russos, impostas no seguimento da invasão da Rússia à Ucrânia, em 2022, no que é uma decisão inédita para uma federação desportiva russa desde o início da guerra.
O "veemente protesto" dos ucranianos é reforçado com o facto de o judo ser a "primeira modalidade a ignorar abertamente" as recomendações do Comité Olímpico Internacional (COI).
Até agora, os judocas russos que não participaram na guerra nem se manifestaram publicamente a favor da mesma eram admitidos em competição, porém com estatuto neutro.
A FIJ justifica a sua deliberação ao considerar que "o desporto é a última ponte que une os povos e as nações em situações e ambientes conflituosos muito difíceis".
"Os desportistas não são responsáveis pelas decisões tomadas pelos governos ou por outras instituições nacionais, e é nosso dever proteger o desporto e os nossos atletas", reforça a entidade.
Já os ucranianos insistem na sua condenação "categórica" pela opção, recordando que, numa base diária, os seus compatriotas continuam a ser mortos pelos russos.
"A FIJ fala em "construir pontes". Mas que pontes se podem construir com um Estado que mata ucranianos todos os dias, destrói as suas casas e apaga do mapa cidades e infraestruturas civis?", criticou.
Em Abu Dhabi, estão inscritos 19 judocas da Rússia (12 masculinos e sete femininos), país que continua a ser uma das principais potências na modalidade.
Já o presidente da federação russa, Sergei Soloveitchik, considerou que se trata de uma "medida esperada, justa e corajosa".
Na sua página oficial, a FIJ relembra que depois de uma reintegração plena dos judocas bielorrussos, país aliado da Rússia, é apropriado permitir a participação russa em igualdade de circunstâncias.

