Trump e o desporto: Mundial e Jogos Olímpicos sob ameaça, Rússia com aliado
As polémicas do primeiro mandato podem regressar, e de forma mais séria, estando Neemias Queta envolvido na primeira incógnita: ou Boston vai depressa à Casa Branca, ou não vai...
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Não faltaram polémicas com o desporto durante o primeiro mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, desde a sua tentativa de boicote à NFL às más relações que levaram os campeões da NBA a interromperem as tradicionais visitas à Casa Branca e as equipas e jogadores a apelarem ao voto em Joe Biden, em 2020. Sendo os próximos anos uma incógnita, a verdade é que o desporto, tal como o mundo, tem desafios bem mais impactantes que poderão ser afetados pelas suas políticas.
As primeiras dúvidas prendem-se com o Mundial de futebol, que em 2026 será organizado em conjunto por Estados Unidos, Canadá e México. Gianni Infantino apressou-se a dar os parabéns ao republicano, numa mensagem positiva. “Teremos um grande Mundial e um grande Mundial de Clubes nos Estados Unidos. O futebol une o planeta”, escreveu o presidente da FIFA, sabendo de antemão que as ameaças serão extra-futebol.
Se o Mundial de Clubes do próximo ano, com FC Porto e Benfica entre 32 equipas, não deverá ser afetado por questões políticas, o de seleções terá de esperar que as “deportações em massa” de imigrantes anunciadas por Trump não rompam as relações entre os EUA e o México, pois está previsto que este país receba um dos grupos e vários dos jogos a eliminar, utilizando três estádios. Se o novo presidente voltar a barrar a entrada a cidadãos de países islâmicos existirá outra dificuldade, embora o próprio Trump tenha garantido, pois era presidente quando a candidatura americana ganhou, que abrirá as portas a todas as seleções.
O mesmo tipo de preocupações estende-se aos Jogos Olímpicos de 2028, a realizar em Los Angeles, numa Califórnia a que Trump ameaça cortar financiamento. Aí, além das relações eventualmente tensas com alguns países, somam-se as questões da inclusão e dos direitos das mulheres, tão caras ao Comité Olímpico Internacional (COI). O presidente agora eleito foi dos que criticou – e gozou – com Imane Khelif, a argelina campeã no boxe, tendo os ataques da sua campanha aos transgénero no desporto sido um exemplo perfeito do que pode afetar os Jogos.
Outra dúvida levanta-se em relação à Rússia, afastada do desporto mundial desde a invasão à Ucrânia. Tendo Trump como aliado, Vladimir Putin poderá exigir um regresso que deixará embaraçados tanto o COI como a maioria das federações.
Por fim, Neemias Queta. Ainda não tendo feito a habitual visita dos campeões à Casa Branca, os Boston Celtics poderão lá ir no próximo dia 23, quando forem jogar a Washington. Sendo essa a data escolhida, o poste português conhecerá Joe Biden e irá manter-se a tradição, que no caso de Boston até teve a última visita a um republicano, George W. Bush, em 2008. Não sendo possível nesse dia, poderá nunca acontecer, pois uma equipa da NBA ir cumprimentar Trump soa a improvável. Até porque o basquetebol norte-americano, a fazer grandes investimentos na China, poderá ser dos mais afetados caso as famosas “tarifas” gerem uma guerra comercial entre os dois países.