Trocou o Benfica pelo FC Porto: "Costumo dizer que quando mudamos, mudamos para melhor"
António Areia tem 30 anos, está há seis no FC Porto, os mesmos que passou no Benfica antes de se mudar para a Invicta. A O JOGO assegura que foi a decisão certa e mostra-se grato pela excelência dos portistas.
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António Areia tem na quarta-feira um dos grandes jogos da época pelo FC Porto, que recebe o PSG para a Liga dos Campeões, na qual possui mais quatro pontos do que os franceses. O ponta direita, lisboeta de 30 anos, vive dias felizes, pois recebeu o Dragão de Ouro para atleta de alta competição do ano.
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Que significa para si receber o Dragão de Ouro das mãos de Pinto da Costa?
-Tem um significado muito especial, desde logo por ser um Dragão de Ouro. É sempre algo especial para qualquer atleta ou instituição. Mas também porque estou aqui há seis anos e trabalhei para isso, mas é sobretudo especial porque, de um leque tão bom de atletas que o FC Porto tem no andebol, numa época em que se fazem coisas incríveis, em que se escreve história na modalidade, em que qualquer dos nossos atletas poderia ter sido galardoado, o facto de ser eu deixa-me mais orgulhoso.
Estava a contar?
-Não, não estava. Fui apanhado de surpresa. Quando me disseram, nos primeiros momentos nem acreditei.
Como foi o momento da entrega feita pelo presidente?
-Qualquer pessoa que segue o desporto no nosso país e qualquer atleta do FC Porto tem, obrigatoriamente, um carinho muito grande pelo presidente, pelo ícone que é no desporto mundial e pelo que representa no clube. Receber um prémio destes de uma pessoa tão especial, claro que faz muita diferença e recebi todas as palavras que o presidente me dirigiu com a maior atenção. Até fiquei um bocado sem jeito por perceber alguma admiração que o presidente explicitou ter por mim.
Dá mais responsabilidade ter uma das mais altas distinções do clube?
- Não sei se dá maior responsabilidade, mas sei que dá maior motivação e orgulho. Responsabilidade já tínhamos por jogar ao nível a que jogamos e por representar o FC Porto. A responsabilidade está no dia a dia, quando pomos a camisola do FC Porto em jogo, seja para competições nacionais ou internacionais. Eu diria uma motivação extra para continuar e até servir de exemplo para os mais novos acreditarem que é possível.
Ao serviço do FC Porto, António Areia disputou a final-four da Taça EHF de há dois anos, um feito único na história do andebol português
Está há seis anos no FC Porto, tendo chegado do Benfica, ou seja, de um clube grande para outro. Como analisa essa decisão?
-Costumo dizer que quando mudamos, mudamos para melhor. Esta experiência diz-me que isso é verdade. Mudei para um projeto melhor, para uma equipa melhor e dou um grande significado à decisão que tomei. Nos últimos anos, tenho mostrado que foi a certa, não só pelo que conquistei a nível individual, mas pelo patamar a que consegui chegar. Só tenho de agradecer ao FC Porto, que sempre trabalhou com excelência.
Na altura acreditava que o FC Porto ia chegar onde chegou, defrontando as melhores equipas do mundo?...
-Se calhar, à primeira vista não acreditava, porque nós nos habituamos, e eu próprio, a ver na televisão os atletas com quem jogamos agora e a olhar para eles como referências. Agora que jogamos contra eles, reparamos que não passavam mesmo de referências, porque não são extraterrestres; nós jogamos com eles taco a taco, ganhamos a essas equipas, estamos ao mesmo nível deles. Por isso, de facto não esperava logo, mas acreditava que isso um dia poderia acontecer, não só pela hegemonia que o FC Porto já tinha no andebol nacional, como pelo projeto que estava a ser construído, com intenções internacionais.
"PASSADOS SEIS ANOS, ERA IMPOSSÍVEL SER-ME INDIFERENTE"
"Estou bem aqui, sinto-me bem. Não tenho intenções de sair", disse António Areia a O JOGO, ele que termina contrato com os dragões no final desta temporada. "Os meus pensamentos não estão para mudanças, não penso em mudanças, nem na vida profissional nem pessoal", continuou, referindo-se a seguir ao clube: "Não foram precisos muitos dias para perceber que o FC Porto é completamente diferente, que o povo que está implícito neste clube vive as coisas de forma muito diferente. Passados seis anos era impossível ser-me indiferente, passados seis anos torço para que o FC Porto ganhe e tenha os maiores sucessos".