Tóquio'2020: Polónia oferece asilo a velocista que se recusou regressar à Bielorrússia
Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco, confrontado com a situação de Tsimanouskaya, dispôs-se a acolher a atleta e a proporcionar-lhe a continuidade da carreira
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Krystsina Tsimanouskaya, velocista bielorrussa participante em Tóquio'2020 que se recusou, no domingo, a regressar ao país de origem por receio de represálias pelas críticas públicas aos treinadores nacionais, poderá asilar-se, em breve, na Polónia.
O país europeu, que terá recebido, segundo disseram fontes próximas da atleta da Bielorrússia ao diário francês Le Monde, um pedido de asilo, anunciou, publicamente, que está disposto a acolher a atleta e a proporcionar-lhe a continuidade da carreira.
"A Polónia está pronta para ajudar Tsimanouskaya, (...) Foi-lhe oferecido um visto humanitário e é livre de prosseguir a carreira na Polónia, se o desejar", escreveu Marcin Przydacz, membro do Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco, no Twitter.
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Além da Polónia, também a Chéquia, através do respetivo ministro dos Negócios Estrangeiros, Jakub Kulhanek, manifestou disponibilidade em atribuir um visto para proteção internacional, através da embaixada checa em Tóquio, a Tsimanouskaya.
A velocista bielorrussa denunciou, no último domingo, ter sido excluída da disputa dos 200 metros femininos em estafetas, marcada para esta segunda-feira, e os 4x400 metros na quinta-feira seguinte, por ter denunciado a "negligência dos treinadores" na rede social Instagram.
Tsimanouskaya reclamou ter sido inscrita "sem o meu conhecimento" nas duas provas apesar de alguns membros da equipa terem sido considerados inelegíveis para participar nos Olímpicos por submissão reduzida a testes de antidoping.
Após ter feito a denúncia na rede social Instagram, seguiu-se a exclusão da missão olímpica. A velocista da Bielorrússia foi, então, abordada pelo treinador principal, que lhe "disse que tinha havido uma ordem vinda de cima [COB] para me retirar" dos JO, devido ao "estado psicológico".
Mais tarde, a atleta denunciou, à agência Reuters, que havia sido transportada, "por representantes da equipa olímpica bielorrussa", em desrespeito pela própria vontade, para um aeroporto de Haneda, tendo recusado voar de regresso à Bielorrússia.
Para conseguir manter-se no Japão, Tsimanouskaya pediu proteção à polícia japonesa. "Penso que estou a salvo. Estou com a polícia. Não regressarei à Bielorrússia. Tenho medo de ir para a prisão", afirmou a velocista à Reuters, que está a ser acompanhada pelo Comité Olímpico Internacional.
"Estivemos em contacto com ela ontem à noite e esta manhã. Sente-se bem e em segurança. "O nosso primeiro dever de cuidado é com ela, e é isso que estamos a cumprir", afirmou Mark Adams, porta-voz do COI, citado pelo jornal The Guardian.
O responsável do COI assegurou que Tsimanouskaya foi, durante a noite do último domingo, a uma esquadra da polícia japonesa, acompanhado por um membro da organização dos JO e que a Agência das Nações Unidas para os Refugiadas "está envolvida [no caso]".
O caso surge numa altura em que o regime do presidente Alexander Lukashenko tem reprimido generalizadamente os opositores para limitar o amplo movimento de contestação à reeleição para um quinto mandato presidencial.