Em entrevista à Lusa, à margem dos Nacionais, que este domingo terminam no Centro de Alto Rendimento das Caldas da Rainha, Diogo Silva explica que a uma fase de "pouca participação internacional" na última década surgiu uma "abertura para algumas ideias"
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O badminton português atravessa uma fase de "reestruturação", com anos a aumentar a participação em torneios internacionais de seleções de todos os escalões, além da mudança de ciclo entre a elite, nota o selecionador Diogo Silva.
Em entrevista à Lusa, à margem dos Nacionais, que este domingo terminam no Centro de Alto Rendimento das Caldas da Rainha, Diogo Silva explica que a uma fase de "pouca participação internacional" na última década surgiu uma "abertura para algumas ideias" por parte da federação.
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"Tínhamos atletas que chegavam aos seniores sem participações enquanto seleção nas camadas de formação. De facto, após o período em que entrei, e já entrei [em 2017] nessa lógica, de maior intenção de investimento, o número de competições internacionais em que temos participado, de modo geral, tem-se massificado", conta.
O selecionador trabalha com Fernando Silva, atleta olímpico, em prol de mudar esta realidade, para passar maior "bagagem competitiva" e possibilidade de evolução a mais atletas, e cada vez mais novos.
Isto muda o planeamento de todos, nem que seja jovens que "sabem que há um Europeu sub-17 e, salvo imprevisto, a seleção estará lá", como o campeão da Europa sub-15, Tiago Berenguer.
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"Muito do trabalho tem sido conferir estrutura e lógica à participação internacional. A longo prazo, o objetivo é alargar essa participação a escalões a nível ainda mais baixo, sub-13 e sub-15", acrescenta.
Outro fator de evolução prende-se com o impacto do Centro de Alto Rendimento, que "nos últimos dois anos começou a ter a utilização para o qual foi construído, que é ter cá atletas numa base permanente".
Associado ao projeto Unidade de Apoio ao Alto Rendimento nas Escolas (UAARE), tem um grupo de treino, com atletas de seleção, e sem poder juntar "por imposição" todos os atletas de elite no local, vão tentando "dar resposta a vários perfis de atletas".
"Estamos em fase de consolidar essa estrutura, há coisas que temos previsto fazer, em termos de intervenção zonal e regionais", diz ainda.
Ao nível da seleção nacional, e com a criação de uma formação sub-23 "para tentar reter mais talento", após a saída da escola ou do ensino superior, a modalidade tem "um leque mais alargado de atletas que vê mais objetivos além dos nacionais", dando continuidade a uns, do ciclo anterior, e promovendo novos valores, após um certo "vazio" com a saída de Telma Santos e Pedro Martins, "tão só os nossos melhores de sempre".
Bernardo Atilano, perto do top-100 mundial, e Madalena Fortunato, de 18 anos, receberam a bolsa de Solidariedade Olímpica através do Comité Olímpico Internacional, no primeiro numa estratégia clara de o qualificar para Paris'2024 e a segunda para "crescer competitivamente" a caminho de Los Angeles'2028.
Atilano e Bruno Carvalho são os principais nomes em masculinos, com o setor feminino a contar ainda com Sónia Gonçalves, que esteve muito perto da qualificação para Tóquio'2020, e a irmã, Adriana Gonçalves.
Outra nota da Federação Portuguesa de Badminton, lembra Diogo Silva, foi a criação de uma bolsa de apoio à participação internacional, "na ordem dos 200 euros", que pode ajudar a que os atletas cheguem a mais provas internacionais.
Um "desígnio" é o regresso aos Jogos Olímpicos, após a interrupção de uma série consecutiva no ano passado, para que Atilano e Gonçalves ficaram "muito perto".
O primeiro tem mostrado "sinais promissores", com "um nível mais elevado", entrando no ciclo olímpico, em maio de 2023, "num sítio de "ranking" muito mais favorável".
"Do lado feminino, a Adriana e a Sónia têm melhor ranking que a Madalena, mas não sei se em termos individuais têm um plano em termos de participação internacional. (...) Depende da participação internacional que possam estar a prever, em termos de investimento próprio, e têm ranking para as bolsas da federação", comenta.
A fechar, o selecionador de 34 anos nota que há já "várias atletas" com potencial e perspetivas não só para Los Angeles'2028 como também os Jogos de 2032.