McLay lidera pontos por "acidente", Nunes venceu montanha por convicção.
Corpo do artigo
Daniel McLay conquistou este sábado a camisola dos pontos devido a "um acidente feliz", por ter vencido pelo segundo dia consecutivo na Volta a Portugal em bicicleta, mas, ao contrário do rei da montanha Hugo Nunes, deverá perdê-la até Lisboa.
"Ter conquistado a camisola dos pontos é um acidente feliz. Não penso que preocuparmo-nos em defendê-la seja o nosso principal objetivo para amanhã [domingo]", reconheceu o britânico que voltou a impor-se ao "sprint" ao italiano Riccardo Minali (Nippo Delko Provence) e ao venezuelano Leangel Linarez, que trocaram as posições da véspera e, hoje, em Torres Vedras, foram, respetivamente segundo e terceiro.
McLay, que destronou Luís Gomes (Kelly-Simoldes-UDO) por apenas um ponto, pode ser um portento da velocidade, e o melhor "sprinter" desta edição da Volta a Portugal, mas as palavras não são o seu forte, com o corredor da Arkéa-Samsic a perder em brilho para Hugo Nunes (Rádio Popular-Boavista), o "miúdo" que já garantiu a liderança da montanha, a dois dias da chegada a Lisboa, e que hoje assumiu o protagonismo involuntário no final de uma sexta etapa sem história, mas com muito público.
"Só é preciso chegar a Lisboa sem nenhum percalço e cumpro o sonho que tinha que é de estar no pódio final da Volta a Portugal. Nunca pensei [estar no pódio]. Ainda sou novo na minha equipa, tenho líderes assumidos e vim para trabalhar", disse o tímido ciclista "boavisteiro", de 23 anos, sem esconder a emoção.
Sexto classificado na Volta a Portugal do futuro em 2017 e oitavo em 2016, ano em que foi segundo na prova de fundo dos Nacionais de Estrada de sub-23, Hugo Nunes agradeceu muito à sua equipa, confessando que, no domingo, na ligação de 161 quilómetros entre Loures e Setúbal, gostava de entrar numa fuga, "se as pernas deixarem".
12873953
Com a classificação da montanha atribuída, a camisola da juventude colada ao corpo de Simon Carr (Nippo Delko Provence) e os homens da geral, ainda liderada por Amaro Antunes (W52-FC Porto), comodamente à espera da Serra da Arrábida e do "crono" de segunda-feira, os motivos de interesse da sexta etapa, que partiu das Caldas da Rainha e homenageou o mítico Joaquim Agostinho, com um périplo de 155 quilómetros na região Oeste, reduziram-se à fuga do dia.
O vencedor da terceira etapa, Oier Lazkano (Caja Rural) e Willem Smit (Burgos-BH), repetentes em fugas, e Emanuel Duarte (LA Alumínios-LA Sport) arrancaram ao quilómetro 11, chegaram a ter quatro minutos da vantagem sobre o pelotão, comandado pela Arkéa-Samsic, em dia de "folga" da W52-FC Porto, e foram apanhados já nos quilómetros finais.
No "sprint", McLay impôs a sua lei, com o tempo de 03:38.04 horas, comandando um pelotão integrado por todos os favoritos, que mantiveram as diferenças na geral.
O português Amaro Antunes lidera com 13 segundos de vantagem sobre o compatriota Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), segundo da geral, e 01.13 minutos sobre o colega espanhol Gustavo Veloso, terceiro.
"Existem equipas com blocos muito mais fortes do que a nossa e, com certeza, que amanhã [no domingo] irão atacar tirar algum tempo aos ciclistas que estão na frente. Se vir alguma fraqueza e puder tirar algum partido disso, irei fazê-lo. Vamos indo e vamos vendo o que o desenrolar do dia de amanhã vai ditar, vai ser um dia muito atacado", respondeu Figueiredo, escusando-se a levantar o véu sobre a sua tática para uma tirada em que o pelotão vai subir a Serra da Arrábida, com a contagem de segunda categoria aí instalada a surgir a apenas 13,4 quilómetros da meta.