O camisola verde falou do triunfo no desfecho da Volta a França, conquistada por Tadej Pogacar
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Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep) foi o "convidado" especial da festa do ciclista Tadej Pogacar em Paris, vencendo a 21.ª e última etapa da Volta a França, no último suspiro da luta com Peter Sagan.
Com as restantes classificações entregues ao jovem esloveno da UAE Emirates, e com as contas da geral mais do que fechadas, o irlandês "escreveu" mais uma memória feliz na 107.ª edição da "Grande Boucle", triunfando em plenos Campos Elísios ,no dia em que ia subir ao pódio como sucessor do carismático eslovaco, hoje terceiro na etapa.
"Não consigo expressar quão emocionado estou. A camisola verde, os Campos Elísios - isto são os Mundiais do sprint. Nunca imaginei que conseguiria ganhar esta etapa e fazê-lo vestido de verde é tão especial. E consegui-lo na minha equipa de sonho, a Deceuninck-QuickStep, é simplesmente fantástico. Este sentimento... não consigo agradecer o suficiente a todos", disse um eufórico Bennett.
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Após três anos na sombra de Sagan na Bora-hansgrohe, o campeão irlandês, de 29 anos, rumou à equipa belga, que lhe deu a oportunidade de ombrear com o três vezes campeão mundial no Tour, e não só venceu duas etapas, as suas primeiras na prova francesa, como destronou o recordista da regularidade, impedindo o eslovaco de conquistar a sua oitava camisola verde.
A bela disputa entre sucessor e sucedido, com o campeão mundial, o dinamarquês Mads Pedersen (Trek-Segafredo), a intrometer-se entre os dois no risco de meta, foi o epílogo perfeito para uma edição da Volta a França que nem sempre esteve à altura da sua história, mas que teve um final emocionante graças a Tadej Pogacar e que "escapou" à pandemia de covid-19, sem nenhum ciclista infetado nas três semanas da prova.
Nos 122 quilómetros da 21.ª e última etapa, que partiu de Mantes-la-Jolie, houve tempo para tudo: uma ode aos eslovenos, com os representantes nacionais a ladearem o camisola amarela, as fotos da praxe do vencedor e do derrotado (Primoz Roglic), uma passagem efémera de Nelson Oliveira (Movistar) na frente do pelotão e ainda um gesto de solidariedade do pelotão para com o francês Kévin Reza (B&B Hotels-Vital Concept).
O único ciclista negro a alinhar neste Tour, que lamentou o silêncio da modalidade relativamente ao movimento "Black Lives Matter", destacou-se do grupo, colocando-se ao lado do camisola amarela e usando uma máscara com a inscrição "não ao racismo", um gesto "imitado" por outros dos corredores.
"Finalmente. Foi preciso a maior corrida do mundo para a mensagem passar. Não conseguia ser ouvido sobre este tema. É bom ver as reações positivas. A ASO [organização] permitiu-me transmitir a mensagem hoje ao começar na frente. Ainda há muito trabalho a fazer, mas este é um grande começo", disse Reza ainda antes da partida para a última etapa.
A jornada tranquila até ao coração de Paris não teve surpresas (nem fugas), com a tirada a ser discutida ao "sprint", com o camisola amarela a cortar a meta integrado no pelotão, com as mesmas 02:53.32 horas do vencedor, e de mão dada com Primoz Roglic (Jumbo-Visma), o homem que no sábado perdeu o Tour e que hoje subiu ao pódio como segundo melhor, a 59 segundos do seu amigo e compatriota.
O veterano Richie Porte (Trek-Segafredo) fez a festa do terceiro lugar da geral, num "quadro" em que Portugal esteve presente com o seu único representante: Nelson Oliveira, que terminou na 55.ª posição, ajudou a Movistar a conquistar o prémio de melhor equipa pela quinta vez em seis edições.