Rui Neto faz balanço do Barcelos e analisa a final: "Sem público, não há favoritos"

Balanço da época

"O Barcelos teve como objetivo intrometer-se na luta dos quatro primeiros e esse objetivo foi plenamente conseguido. Tínhamos a ambição de ir mais longe e sentimos que era possível, mas foi um ano de consolidação e que esperamos que sirva de mote para a próxima época."

O que faltou à equipa para chegar mais longe

"Foram os detalhes, porque a equipa esteve na luta em todos os jogos da meia-final com o Sporting e com a possibilidade de ganhar, mas por pormenores não conseguiu. Isso consegue-se com maior concentração, maior rigor, ma com o andar consecutivamente a lutar por esses objetivos e nesse aspeto estávamos em desvantagem em relação aos nossos adversários. No próximo ano teremos um ano mais de experiência, mas ainda em desvantagem em relação a quem está sempre a lutar por títulos."

Opositor mais forte

"Tivemos jogos de enorme grau de dificuldade, mas provavelmente o FC Porto e o Sporting foram os que nos colocaram mais dificuldade. O Sporting pelo pragmatismo que apresenta, o FC Porto pela verticalidade."

Liga Europeia

"Não sendo o formato ideal, foi um bom formato, porque mais vale que haja do que não exista. A prova realizou-se numa fase de competição intensa. O facto de termos empatado com o Noia não nos retirou ambição e contra o FC Porto foi o detalhe. Estivemos na luta pelo apuramento para a final-four até ao último segundo, tanto que terminámos a jogar 5 contra 4 e caiu para o FC Porto, mas estivemos perto de vencer."

Barcelos sem público

"Como em tudo na vida, ao fim de algum tempo ficamos vacinados. Sentimos muito a falta do nosso público, a falta de termos aquele pavilhão completamente cheio a vibrar connosco. Para nós, são os maiores adeptos do mundo e fizeram-nos imensa falta a cada fim de semana. Se fomos prejudicados? A determinada altura, acabámos por nos adaptar à situação. Não é fácil não sentirmos aquilo que é a atmosfera dos grandes jogos, mas foi essa a realidade."

Influência da ausência de público na meia-final entre FC Porto e Benfica

"Com público seria diferente. O FC Porto esteve sete anos sem perder em casa e perdeu dois jogos seguidos com o Benfica e quando se pensava que o Benfica não deixaria fugir a eliminatória na Luz, o FC Porto foi lá e venceu. Não haver público retira alguma dose de favoritismo às equipas da casa.

Sporting e FC Porto na final

"O FC Porto foi obrigado a uma negra, o Sporting venceu as meias-finais por 3-0, mas quem observou, percebe que o facto de o Sporting ter vencido por 3-0 não significa que tenha sentido menos dificuldade. Todos os jogos entre Sporting e Barcelos estiveram pendentes por detalhes. Não havendo público, não há favoritos para esta final. Será 50/50. O primeiro jogo será muito importante, porque o FC Porto, vencendo, tem depois dois jogos em casa e o Sporting, se ganhar, pode provavelmente forçar o quinto jogo. Qualquer equipa tem qualidade para vencer em qualquer pista e isso viu-se na Liga Europeia. A final é uma incógnita."

Que modelo de jogo leva vantagem

"São equipas muito diferentes. O Sporting é mais pragmático, muito coeso a nível defensivo, jogando no ataque com posses largas e em transição. O FC Porto é mais direto para a baliza,. Ambos se conhecem bem e em determinados momentos terão de abdicar do seu princípio em prol do resultado. Está em causa o título e viu-se o FC Porto, depois de ter perdido na meia-final, alterou um pouco a sua forma de estar em pista. Nós treinadores, tendo uma forma de jogar, temos sempre de adaptar o modelo em face dos adversários e das circunstâncias. Penso que é isso que vai acontecer."

Peso do título europeu no Sporting

"Não creio que pese. Há vários fatores aqui. Por exemplo, o FC Porto teve dez dias entre o último jogo da meia-final e o primeiro da final. Poderá estar mais desgastado, mas sabemos que nestas alturas, a motivação supera eventuais debilidade físicas. O FC Porto vem de uma reviravolta e estará com a moral muito forte. Tudo também dependerá da forma como o jogo se desenvolver."