Rafael Reis: "Caja Rural já faz corridas do WorldTour. Quero estar na elite"
Promessa do ciclismo nacional, em 2016 acertou contas com o destino e vingou-se dos azares dos anos anteriores, sendo o mais pontuado no pelotão português. Seguem-se a Caja Rural e o WorldTour.
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Fecha 2016 como ciclista do ano, o mais pontuado no pelotão nacional, de acordo com o ranking da modalidade. A partir de 1 de janeiro, Rafael Reis já vestirá a camisola da espanhola Caja Rural.
A que sabe esta distinção sem troféu?
Foi muito importante conseguir este resultado. Não é um título, mas é um ranking disputado por todos os ciclistas de equipas nacionais. Fiquei bastante contente por ter sido o ciclista mais vitorioso do ano. Tive os mesmos pontos do Jóni Brandão, mas fui o vencedor devido ao maior número de triunfos em provas, que era o primeiro critério de desempate.
Este reconhecimento compensa os dissabores dos anos anteriores?
Sim, porque foram anos difíceis desde 2010, com azares e lesões. Finalmente consegui encontrar-me na W52-FC Porto. O diretor desportivo, Nuno Ribeiro, e o staff acreditaram muito em mim. Deram-me confiança, era isso que me faltava. Estive com as pessoas certas para entrar no caminho que sempre procurei.
No meio da maré de infelicidades, imaginou desistir?
Quando se está mal, isso passa sempre pela cabeça. O mais importante no ciclismo é o treino. Se não se sai para a estrada com vontade, acaba-se por se abdicar de uma série ou outra. A motivação é chave neste desporto duro. Em 2016 juntei tudo o que é necessário. A equipa confiou em mim logo de início, e eu treinava com chuva, vento, frio, nada me fazia diferença.
A partir de que momento pedalou com o propósito de ser o melhor ciclista nacional?
Ao terceiro mês de competição começámos a imaginar que talvez fosse possível. Quando acabou a Volta a Portugal, o Jóni Brandão estava três pontos à minha frente. O Nuno Ribeiro disse-me para escolher um de seis circuitos para pelo menos pontuar o que me faltava para empatar. Já andava cansado, acabei a Volta morto, mas alcancei os pontos logo em Alcobaça.
Faz parte do plano de carreira um dia discutir a Volta a Portugal?
Nunca pensei muito nisso, porque o meu principal objetivo sempre foi correr no estrangeiro. A Caja Rural já faz corridas do WorldTour. Quero estar na elite e ambiciono as grandes competições. Sei que agora vou ter ainda mais condições para me desenvolver. O calendário muito preenchido também é benéfico, porque as corridas são todas de nível alto, com andamento forte.
O convite da Caja Rural foi consequência da época?
-Tive grandes resultados nacionais e internacionais quando era mais novo, não apareci agora. Muitos dos ciclistas com quem competia estão entre os melhores do mundo. Esse lastro também me fez ter esta oportunidade, que vou aproveitar.
Estará na Volta a Espanha?
Ainda não sei. Vou começar na Argentina, na Volta a San Juan, de 23 a 29 de janeiro. Vou fazer a Volta ao Algarve e ao Alentejo em fevereiro. Talvez alinhe na Volta a Almeria e na Volta a Múrcia. É o máximo que ficou planeado, para já.