Queta: do primeiro contacto com o cesto ao sonho americano: "Quando me meteram a ideia na cabeça..."
Mais proeminente basquetebolista português, o primeiro a atuar na NBA, cuja estada nos Estados Unidos lhe tem criado saudades de casa, Neemias Queta recuou ao passado, parte dele longínquo, para "descortinar" o presente.
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Descrevendo-se como alguém que, em criança, "não tinha sonhos no basquetebol", Queta teve o primeiro contacto com o jogo ao "acompanhar os treinos da irmã". Tempos depois, o agora poste decidiu jogar "porque era interessante", mas julgou ser pouco talentoso, até que a prática aperfeiçoou a técnica e o cenário alterou-se.
"Gostava do jogo, mas não senti que tinha muito futuro. Comecei a desenvolver capacidades e a ganhar confiança no meu jogo, abriram-se muitas portas", afirmou o poste de 22 anos, numa iniciativa promovida pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e pela Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB).
Uma das portas que se abriram foi a do Barreirense. Em 2011, Queta juntou-se à equipa sub-14 do clube do Barreiro, com tradição na modalidade, e por lá completou a formação, até dar, em 2017, o primeiro grande passo: ir para o Benfica.
"Houve uma mudança. Deu para experimentar o intermédio entre o amadorismo e profissionalismo e estar um pouco longe da família", detalhou Queta, que encarou o desafio, carregado de ambição, como uma antecâmara para algo ainda maior.
"No Benfica senti-me muito realizado porque jogava com jogadores que admirei. Mas senti que não queria parar ali, queria continuar a crescer e chegar mais longe", explicou o poste português, ciente de que, em 2018, "ia para os EUA". E assim foi.
Embora admitindo que a NBA lhe parecesse, há quatro anos, um "sonho inalcançável", Queta identificava-se com o perfil e teve a confiança, através de aconselhamento, de que conseguiria um lugar no olimpo da modalidade.
"Percebi que tinha qualidades que assentavam bem na NBA. Físico, técnica, tudo o que precisava. E quando me meteram a ideia na cabeça consegui ver a big picture [quadro completo]...", revelou Neemias Queta, na mesma entrevista.
O poste português começou por ingressar nos universitários do Utah State Aggies, que representou até 2021, e foi escolhido, no último draft da NBA, para reforçar os Sacramento Kings, pelos quais, finalmente, logrou o "tal sonho inalcançável".
Queta admitiu, por estar do outro lado do Atlântico, "sentir saudades da vivência e do espírito português". A azáfama semanal também impede a familariedade. "Não me sinto em casa como em Portugal. As viagens de um lado para o outro, com as malas às costas... Nunca me senti em casa", completou, em jeito de desabafo, o poste.
Em 21/22, Queta participou em 10 jogos pelos Sacramento e 17 pelos Stockon Kings.