Presidente da Confederação do Desporto de Portugal (CDP) alerta para a "perda de qualidade na formação".
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O presidente da Confederação do Desporto de Portugal (CDP), Carlos Paula Cardoso, afirmou esta quinta-feira que a formação vai perder qualidade e praticantes nos próximos "três ou quatro anos", após a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2021.
O líder do organismo salientou à Lusa que a verba destinada ao setor pelo OE para 2021, hoje aprovado, é inferior em três por cento à incluída no de 2020 e referiu que a falta de apoio ao desporto vai-se refletir num "menor investimento dos clubes na formação" e em "menos jovens atraídos para a prática desportiva", face à crise motivada pela pandemia de covid-19.
"Quando há problemas financeiros nos clubes, a formação é que sofre. Quando foi a crise de 2011 a 2015, isso aconteceu. Esta crise é maior. Estamos muito pessimistas em relação ao que pode vir a acontecer. Prevemos que os escalões jovens não tenham a mesma qualidade e o mesmo número de praticantes durante três ou quatro anos", disse.
Num comunicado emitido hoje, em conjunto com o Comité Olímpico de Portugal (COP) e o Comité Paralímpico de Portugal (CPP), a CDP realçou que o OE para 2021 é uma manifestação política de desconsideração e abandono" para com o desporto.
Presidente do organismo desde 2003, Carlos Paula Cardoso admitiu que o principal problema no OE são as "medidas que o Governo não toma", depois de ter rejeitado as propostas de alteração ao documento por parte do setor desportivo, que incluíam a criação de um fundo de apoio, a redução do IVA para 6% e a isenção do IRC até volumes de negócios de 30 mil euros.
No caso do IVA, cobrado em situações como a aquisição de material desportivo ou em viagens, a redução iria permitir a deslocação de mais atletas ao estrangeiro em representação de seleções nacionais em desportos individuais, exemplificou o dirigente.
"No desporto individual, às vezes poderiam ir cinco atletas que tinham mínimos [para a competição] e só vão quatro ou três, porque não há dinheiro para levar cinco. Se fosse descontado o IVA para essas viagens, era mais um atleta que poderia participar na competição. E eles vão representar Portugal", disse.
Já a isenção do IRC seria uma ajuda aos clubes de "aldeias, vilas ou pequenos bairros de cidade" que sustentam a "formação e a promoção dos jovens" com a receita dos "pequenos cafés" que exploram.