José de Sousa, vencedor do Grand Slam, deseja impulso dos dardos em Portugal
Vencedor do Grand Slam de 2020, no qual participou pela primeira vez, pretende o aparecimento de mais jogadores portugueses na Professional Darts Corporation
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O triunfo de José de Sousa no Grand Slam de 2020 pode ser o impulso que faltava para a mediatização dos dardos e o aparecimento de mais jogadores portugueses na Professional Darts Corporation (PDC), considerou, esta sexta-feira, o vencedor.
Ainda mal refeito das emoções do triunfo num torneio que "é como os "Masters" no ténis", o português confessou à agência Lusa que seria "uma grande alegria ter mais portugueses" a jogar os torneios da PDC e desejou que o seu feito inspire outros compatriotas a "seguir o sonho", numa modalidade ainda sem grande quota de mediatismo na península ibérica.
"Seria sinal de que as coisas estavam cada vez melhores e o mediatismo é uma parte fundamental para que todos se animem e se esforcem. Isto não é fácil, mas também não é impossível. O meu triunfo é a prova de que o sonho está ao alcance de qualquer um", afirmou o emigrante português, atualmente a residir em Espanha.
Nesse sentido, Sousa espera que a comunidade de jogadores de dardos em Portugal aproveite o "empurrão" desta vitória para se organizar e catapultar a modalidade de uma vez por todas.
"Espero que [esta vitória] abra portas para tudo, tanto para o nível mediático como de jogadores, ajudas para os jogadores, que as associações se ponham de acordo e comecem todos a trabalhar em conjunto, assim como com a colaboração dos jogadores mais fortes. É a única forma de fazermos alguma coisa pelos dardos em Portugal. Agora é o momento certo", vaticinou.
Ainda sobre o triunfo no Grand Slam 2020, onde bateu jogadores como Micahel Smith, Simon Whitlock ou James Wade, o jogador português admite ter ele próprio ficado surpreendido, porque "é muito difícil ganhar um campeonato destes".
"Nessa noite foi impossível dormir, estive a responder a mensagens até às 04:00 da manhã. A emoção e os sentimentos eram tantos que não me tinha apercebido da dimensão do que tinha feito", confessou.
Desafiado a recordar os últimos três dardos, que fecharam o jogo com uma pontuação de 158 pontos, a emoção volta a apoderar-se de José de Sousa ao admitir que "já estava a chorar" no momento em que lançou o último dardo.
"Não senti pressão alguma. No último lançamento pensei que 'com tudo o que tens feito, isto tem de entrar'. E entrou! Fiz os dois triplos, a dupla e fiquei logo parado a chorar", descreveu José de Sousa.
Agora segue-se o Players Championship Finals, até domingo, antes do Campeonato do Mundo PDC, entre 18 de dezembro e 04 de janeiro, torneios nos quais o português garante que, apesar da vitória no Grand Slam 2020, entra sem qualquer expectativa.
"Claro que se ganhasse era muito bom, mas gosto de ir passo a passo. Pensar no primeiro adversário e, a partir daí, jogo a jogo. Agora mesmo, o Mundial é a última coisa em que estou a pensar. Vou passo a passo e no mês que vem, uns dias antes, começo a pensar nisso e a preparar-me", frisou.
Agora que conquistou um dos maiores torneios televisionados da PDC, a pressão podia ser maior ou, pelo menos, o reconhecimento dos adversários, mas José de Sousa acredita que pouco vai mudar no respeito que já conquistou entre os seus pares, onde é conhecido como o "The Special One" português.
"Penso que os jogadores do circuito já há dois ou três meses que esperavam que eu, de um momento para o outro, fizesse alguma coisa assim grande", revelou.
Na terça-feira, José de Sousa tornou-se no primeiro estreante a vencer o Grand Slam da Professional Darts Corporation (PDC), ao bater o inglês James Wade, na final, por 16-12, e arrecadou um prémio de cerca de 140 mil euros.
Foi o melhor resultado de sempre de um jogador de dardos português no circuito profissional, a juntar aos triunfos no European Darts Grand Prix, em outubro, e aos Players Championships de Barnsley e Dublin, em 2019.
José de Sousa, de 46 anos, natural da Azambuja, ganhou o cartão de jogador do ProTour em 2019, ano em que deixou de lado a sua profissão de carpinteiro e passou a dedicar-se a tempo inteiro aos dardos.
A vitória no Grand Slam 2020 "catapultou" o jogador português para o 15.º lugar da Ordem de Mérito da PDC, "ranking" que mede os resultados dos jogadores do circuito ProTour nos últimos dois anos.