Sistema de 140 câmaras foi desenvolvido em colaboração com futebol e râguebi e pode ser útil para todos. Membros do quadro de árbitros ingleses vão estar este fim de semana em Abu Dhabi, no último teste ao VAR da Fórmula 1, que tem sede em Genebra, foi batizado como ROC e deixa o diretor de corrida decidir.
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Nos primeiros meses do ano, e após o final polémico do Mundial de Fórmula 1, em que uma decisão do diretor de corrida permitiu a Max Verstappen ultrapassar Lewis Hamilton na última volta e sagrar-se campeão, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) anunciou a criação de um sistema de videoárbitro (VAR) para a principal disciplina do desporto motorizado.
Foi desenvolvido em colaboração com responsáveis de arbitragem do futebol e do râguebi, já está funcional, tem a base em Genebra (Suíça) e este fim de semana, em Abu Dhabi, terá um grande teste na prova de encerramento de época.
O FIA Remote Operations Centre (ROC) tem fornecido imagens desde o GP de Itália, ao que se diz utilizando cerca de 140 câmaras e um manancial de informação equivalente a dez jogos de futebol. Mas, ao contrário do VAR, o sistema da Fórmula 1 não interrompe a competição nem protela decisões, limitando-se a fornecer dados ao diretor de corrida, que os utiliza ou não.
E ainda precisa de um maior desenvolvimento, como se provou no GP do Japão deste ano, quando entrou um trator em pista e um dos pilotos, Pierre Gasly, passou no local a velocidade demasiado elevada e sem visibilidade. O caso terminou com a rotação dos diretores de corrida e custou o lugar ao português Eduardo Freitas, que estava de serviço em Suzuka.
A FIA, além do seu sistema de câmaras, criou um Programa de Desenvolvimento da Direção de Corrida (RDDP), que tem "identificado talentos para o nosso grupo de diretores de corrida, stewards e oficiais", explicou ontem Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA, em comunicado. É esse gabinete que tem "aprendido sobre os procedimentos de arbitragem com os responsáveis de outros desportos, incluindo o futebol e râguebi", explica o mesmo comunicado, que revela irem ao GP de Abu Dhabi deste fim de semana elementos da direção de árbitros da Premier League - organismo presidido pelo famoso Howard Webb, árbitro que se retirou em 2014 -, que pretendem verificar "até que ponto a tecnologia utilizada pela FIA pode ajudar a desenvolver o VAR do futebol".
A FIA ainda não indicou uma data para a aplicação plena do seu ROC, mas as recentes polémicas da Fórmula 1 comprovam a sua urgência, embora o GP de São Paulo do passado domingo, com três embates que geraram penalizações a pilotos - Daniel Ricciardo, Max Verstappen e Lando Norris -, tivesse decisões rápidas e simples.