"Preferia morrer a que alguém descobrisse que era gay", recorda ex-jogador de râguebi
Dan Palmer abriu o jogo sobre a homossexualidade no desporto e recordou as inseguranças que sofreu durante toda a carreira.
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"Preferia morrer a que alguém descobrisse que era gay": é assim que começa o texto assinado por Dan Palmer, ex-jogador de râguebi, na edição online do "The Sydney Morning Herald", em que aborda o tema da homossexualidade no desporto e todas as inseguranças que sofreu ao longo da carreira.
"Em 2012 estava a viver o meu sonho de criança. Era vice-capitão dos ACT Brumbies durante a época de Super Rugby e fiz a minha estreia pelos Wallabies [seleção da Austrália]. A minha vida consistia em jogar o desporto que amava e viajar pelo mundo com alguns dos meus melhores amigos. Tinha feito muitas amizades próximas, tanto dentro como fora do desporto e tinha uma família que me amava e estava orgulhosa de mim", começa por recordar Palmer, agora com 32 anos.
"Apesar de tudo, estava incrivelmente frustrado, zangado e desesperadamente triste. Sentia nojo de mim e da vida que estava a viver. Estava preso numa falsa narrativa e não conseguia ver forma de sair. Na maior parte das noites, chorava até adormecer e tomava cocktails pesados de opioides. Fantasiava sobre desaparecer, mudar de nome e começar uma vida nova. Não é exagero dizer que preferia morrer a que alguém descobrisse que era gay", prosseguiu o ex-jogador, que assumiu ser homossexual de forma a ajudar pessoas "que possam estar na mesma situação e a ter os mesmos sentimentos".
"Enoja-me que, em 2020, ainda haja pessoas que se torturam da forma como eu me torturei, dentro e fora do desporto. Temos de ser melhores", acrescenta Dan Palmer no texto. Desde então, revelou ao The Guardian, recebeu "centenas de mensagens" de pessoas que enfrentaram ou enfrentam as mesmas dificuldades.