Pogacar volta a ganhar no Tour: "Tanta gente veio ter comigo a dizer que era o momento da vingança…"
Um dia depois de ter caído, Tadej Pogacar, de 26 anos, conquistou a 20.ª vitória em etapas no Tour e a terceira nesta edição
Corpo do artigo
Tadej Pogacar vingou-se do Hautacam e arrasou Jonas Vingegaard, a maior vítima de uma tática desastrosa da Visma-Lease a Bike, com o ciclista esloveno a conquistar a terceira vitória e a amarela na 112.ª Volta a França.
Vingança é a palavra ideal para descrever o que aconteceu na primeira jornada nos Pirinéus: três anos depois de ter perdido definitivamente o Tour no Hautacam, o esloveno atacou no início da subida de categoria especial e ganhou mais de dois minutos ao dinamarquês, derrotado em toda a linha pelas suas pernas, mas também pela estratégia da sua equipa, que "queimou" os seus corredores antes de tempo na 12.ª etapa.
“Quase me tinha esquecido disso, mas tanta gente veio ter comigo a dizer que era o momento da vingança… quando nos aproximámos do sopé, foi a história ao contrário em relação há uns anos. […] Estou muito contente por ganhar tempo e nesta subida”, resumiu o esloveno da UAE Emirates.
Um dia depois de ter caído, Pogi, de 26 anos, conquistou a 20.ª vitória em etapas no Tour e a terceira nesta edição, no final dos 180,6 quilómetros desde Auch, impressionando ao ganhar 02.10 minutos ao campeão de 2022 e 2023, com o terceiro a ser o alemão Florian Lipowitz (Red Bull-BORA-hansgrohe), sério candidato a destronar Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) do pódio final se o belga voltar a ter um dia ‘não’.
O campeão olímpico implodiu no Col du Soulor, onde a Visma-Lease a Bike destruiu precipitadamente o pelotão, mas nunca desistiu e acabou por salvar o seu terceiro posto da geral, comandada novamente por Pogacar, já com 03.31 minutos de vantagem para Vingegaard, que é segundo.
Ainda não estavam decorridos 20 quilómetros da primeira jornada pirenaica e já um vasto grupo seguia na frente, com nomes de peso como os frustrados candidatos à geral Carlos Rodríguez (INEOS), Ben O’Connor (Jayco AlUla), Mattias Skjelmose (Lidl-Trek) ou Santiago Buitrago (Bahrain Victorious).
Entre os mais de 50 fugitivos estavam também Mathieu van der Poel (Alpecin- Deceuninck), Aleksandr Vlasov (Red Bull- BORA-hansgrohe), Bruno Armirail (Decathlon AG2R La Mondiale) e Lenny Martinez (Bahrain Victorious), que viu Pogacar roubar-lhe a camisola da montanha.
Com a EF Education-EasyPost do camisola amarela Ben Healy ao comando, a diferença dos homens da frente estabilizou nos dois minutos, demasiado pequena atendendo às dificuldades a ultrapassar.
A fuga desmembrou-se na subida ao Col du Soulor, a primeira contagem de primeira categoria desta edição, na qual Evenepoel, terceiro da passada edição, teve um ‘colapso’ completamente inesperado e Armirail se isolou.
O ritmo imposto pelo renascido Sepp Kuss, que condenou Healy – saiu do top 10 da geral -, era tão elevado que deixou em dificuldades homens da geral, mas também o seu próprio companheiro Matteo Jorgenson.
A Visma-Lease a Bike precipitou-se novamente e, percebendo-o, abrandou o ritmo, permitindo que os ‘descolados’, nomeadamente o belga da Soudal Quick-Step, reentrassem, ainda que momentaneamente.
Mas a formação neerlandesa pagou caro o seu monumental erro tático: no sopé do Hautacam, Vingegaard já não tinha nenhum colega a apoiá-lo e Pogacar não desperdiçou a oportunidade, acelerando para deixar todos para trás, até Armirail, o último resistente entre os fugitivos.
O dinamarquês da Visma-Lease a Bike tentou reagir, mas foi progressivamente perdendo segundos para o campeão mundial de fundo, enquanto atrás de si Lipowitz atacava e se assumia como líder da Red Bull-BORA-hansgrohe, ‘destronando’ Primoz Roglic, que ‘explodiu’ e foi mesmo ultrapassado por um lutador Evenepoel, sétimo na etapa, a 03.35 minutos.
Terceiro na meta, a 02.23, o jovem alemão subiu a quarto da geral, a 05.34 do camisola amarela, numa jornada em que Tobias Halland Johannessen (Uno-X), Kévin Vauquelin (Arkéa-B&B Hotels) e Oscar Onley (Picnic PostNL) demonstraram estar em melhor condição física do que ‘Rogla’ – o ‘vice’ do Tour2020 perdeu mais de quatro minutos e é sétimo.
Num dia em que muitos favoritos perderam tempo, como Jorgenson ou Enric Mas (Movistar), o português Nelson Oliveira foi 64.º, a 31.22.
O luso da Movistar fecha o top 60 da geral, já a mais de uma hora de Pogacar, que na sexta-feira terá nova oportunidade para ampliar distâncias para os seus perseguidores, na ‘cronoescalada’ de 10,9 quilómetros entre Loudenvielle e o alto de Peyragudes, de primeira categoria.