Foi a descer que o ciclista esloveno deu o primeiro "golpe" em Vingegaard na Volta a França
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Tadej Pogacar atacou a subir, mas derrotou Jonas Vingegaard a descer, conquistando isolado a quarta etapa da 111.ª Volta a França em bicicleta, que lidera novamente mas agora com uma diferença "confortável" para os outros favoritos.
A 12.ª vitória de etapa do líder da UAE Emirates no Tour teve muito da sua equipa, sobretudo de um excecional João Almeida, promovido a oitavo da geral, mas também do medo de Jonas Vingegaard – foi evidente que o trauma da queda na Volta ao País Basco ainda está bem presente no pensamento do ciclista dinamarquês da Visma-Lease a Bike, hoje apenas quinto, a 37 segundos.
“Este era, mais ou menos, o plano e executámo-lo muito bem. […] Conheço esta etapa muito bem, treinei muitas vezes aqui no passado e parece uma etapa de casa”, confessou "Pogi", antes de revelar que atacou a apenas 800 metros do alto do Galibier devido ao vento de frente e que beneficiou do conhecimento que tinha da descida para abrir diferenças (também graças às bonificações) para os seus perseguidores.
Segundo na meta, a 35 segundos do esloveno, o líder da juventude Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) é também o ‘vice’ da geral, a 45 segundos, enquanto o bicampeão em título é terceiro, a 50.
A curta mas dura quarta etapa - 139,6 quilómetros entre Pinerolo (Itália) e Valloire – foi intensa desde o início, com os ataques a sucederem-se desde que a partida real foi dada.
Logo nos primeiros quilómetros dos 40 de subida até Sestrières, a contagem de segunda categoria instalada a 2.035 metros de altitude, Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) descolou, assim como Egan Bernal (INEOS), antes de ser escoltado novamente ao pelotão pelos seus colegas da Red Bull-BORA-hansgrohe.
Apenas ao quilómetro 30 uma multidão teve ‘autorização’ da UAE Emirates para distanciar-se – a formação de Pogacar queria assegurar que nenhuma das suas grandes adversárias tinha representação na fuga. Entre os 17 fugitivos estavam o campeão mundial Mathieu van der Poel (Alpecin- Deceuninck), David Gaudu (Groupama-FDJ), Alexey Lutsenko (Astana), Oier Lazkano (Movistar) ou Warren Barguil (dsm-firmenich PostNL).
Antes de iniciarem os 23 quilómetros da subida ao Galibier, os escapados tinham uma vantagem que rondava os dois minutos, claramente pouco para poderem discutir entre si a etapa, uma premissa confirmada a pouco mais de sete quilómetros do alto, quando Lazkano, o último resistente, foi alcançado.
Quando Almeida entrou ao serviço na frente do grupo de favoritos – estava desfeito o mistério em torno da hierarquia da UAE Emirates, com Adam Yates a ser originalmente o plano B -, o camisola amarela Richard Carapaz (EF Education-EasyPost) ficou imediatamente para trás e afastado da luta pela geral (perdeu 05.10 minutos), seguindo-se Simon Yates (Jayco AlUla), Enric Mas (Movistar), Romain Bardet (dsm-firmenich PostNL) e Geraint Thomas (INEOS).
Depois de se ter escondido, Juan Ayuso foi recriminado pelo seu companheiro português, que, visivelmente descontente, o incentivou a trabalhar. O trabalho da equipa dos Emirados, ao qual Yates não se negou, foi eliminando progressivamente a concorrência, nomeadamente todos os colegas de Jonas Vingegaard, mas também Bernal.
Adam Yates, terceiro classificado do ano passado, ‘estourou’, enquanto o ambicioso (e egoísta) Ayuso evitava ao máximo trabalhar, delegando em Almeida as maiores ‘despesas’, antes do esperado ataque de Pogacar: o esloveno acelerou a 800 metros do alto, levou Vingegaard na roda durante um breve momento, mas o dinamarquês acabou por ceder e, talvez ainda com a lembrança da dramática queda no País Basco em mente, foi vendo a diferença para "Pogi" aumentar na descida.
Evenepoel foi aquele que mais de perto seguiu os dois na subida, mas também haveria de ser alcançado a descer por Ayuso, Carlos Rodríguez (INEOS) e o líder da Red Bull-BORA-hansgrohe.
Os quatro apanhariam o bicampeão em título, bastante temeroso na técnica descida até Valloire, na qual também o ciclista de A-dos-Francos perdeu contacto com o primeiro grupo de perseguidores – chegou à meta na companhia de Mikel Landa (Soudal Quick-Step), a 53 segundos.
Com bonificações ainda em discussão, o jovem líder da Soudal Quick-Step sprintou pela segunda posição, sendo secundado por Ayuso, terceiro à frente de Roglic. Vingegaard chegou dois segundos depois, na companhia de Rodríguez, e manteve o lugar no pódio, tendo o individualista espanhol da UAE Emirates atrás de si, a 01.10 do camisola amarela.
Almeida viu premiado o seu esforço com a entrada no top 10, ocupando o oitavo posto, a 01.32 minutos do seu chefe de fila. Quanto aos outros portugueses, Nelson Oliveira (Movistar) foi 83.º, a 17.10, e Rui Costa (EF Education-EasyPost) chegou uma dezena de lugares depois, a 20.44.
Costa vai partir para a quinta etapa, uma ligação plana de 177,4 quilómetros entre Saint-Jean-de-Maurienne e Saint-Vulbas, no 47.º posto da geral, a 23.33 de ‘Pogi’, com Oliveira 10 lugares depois, a 34.38.