“Ele é melhor do que eu”, diz Eddy Merckx, explicando o exagero com a fuga de 100 km no Mundial. Depois dos elogios dos rivais diretos, Tadej Pogacar recebeu os das maiores glórias do ciclismo. Eddy Merckx, Stephen Roche, Lance Armstrong e Tom Boonen colocam-no no “panteão dos grandes”.
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O mundo do ciclismo anda deliciado com o ataque heroico que valeu a Tadej Pogacar a “Triple Crown” - conquista de Giro, Tour e Mundial no mesmo ano -, igualando o feito de Eddy Merckx em 1974 e Stephen Roche em 1987. Depois dos elogios dos rivais ao ataque de 100 km, 51,7 deles em solitário, que lhe valeu a camisola arco-íris em Zurique, surgiram os das glórias da modalidade, algumas exagerando nos encómios.
“Ele é melhor do que eu. É óbvio que já está por cima. Tinha pensado nisso com o que fez na Volta a França, agora não tenho dúvidas”, comentou Eddy Merckx ao “L’Equipe”, mesmo sabendo que o seu palmarés parece inalcançável, até para um Pogacar. “Não podemos comparar eras, mas ele é incrível. Eu nunca ataquei a 100 km do fim num Mundial. O que ele fez é inimaginável”, explicou o belga de 79 anos.
Stephen Roche, irlandês de 64 anos, estava em Zurique e foi dos primeiro a abraçar “Pogi”, declarando-se “feliz por finalmente uma terceira pessoa fazer a ‘Tripla’, pois dizia-se que atualmente era impossível”. Sem grandes êxitos além da sua época de sonho em 1987, Roche tira uma conclusão curiosa: “Sinto que agora estou ensanduichado entre Merckx e Pogacar, mas isso não é mau. Até é muito bom”.
Sempre pronto a comentar proezas, Lance Armstrong, de 53 anos, foi direto. “Ele é o talento de uma geração e já está no panteão dos melhores de todos os tempos. Fisicamente é tão superior, e o seu nível de confiança é tão elevado, que parece que esteve a disputar uma corrida com juniores. Que confiança bestial!”, exclamou o norte-americano de 53 anos, campeão do mundo em 1993 (título que manteve) sobre o ataque de 100 km. O belga Tom Boonen, campeão mundial em 2005, completou a ideia, achando que o esloveno “desafia a imaginação” e “gera o caos entre os adversários”.
“Pogi”, que na noite de domingo foi visto a dançar numa discoteca de Zurique, ainda tem uma clássica Monumento para tentar vencer este ano (Lombardia, dia 12), e após a “Triple Crown” resta-lhe um desafio, para continuar na peugada de Merckx: falta-lhe vencer a Volta a Espanha e as clássicas Milão-Sanremo e Paris-Roubaix, para completar a lista dos maiores êxitos, feito exclusivo do belga. Precisará, para lá chegar, de superar uma “maldição” talvez pior do que a da camisola arco-íris: as carreiras de Merckx e de Roche nunca foram as mesmas depois da “Tripla”, e nem se tratou de uma questão de idade. O belga tinha 29 anos e o irlandês 28.