Pequim"2022 teve evento de duas caras: uma edição esquecida pelo resto do mundo
Encerramento marcou um duplo êxito da China, na organização e nas medalhas, numa edição esquecida pelo resto do mundo. Boicote diplomático liderado pelos EUA e a iminência de guerra na Europa puseram os Jogos de Inverno em segundo plano. A ameaça da covid-19 e o doping de Valieva foram os principais temas.
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Com duas cerimónias vistosas, a de Encerramento girando em torno do floco de neve no centro do Estádio do Ninho de Pássaro, a China despediu-se de duas semanas de Jogos Olímpicos de Inverno resistindo a todas as acusações de propaganda, ao fantasma do boicote diplomático inicial e ao caso de doping que envolveu a russa Kamila Valieva, da patinagem artística.
A China, além do êxito desportivo inesperado - 15 medalhas são o melhor desempenho de sempre numa tabela liderada pela Noruega (37) -, conseguiu ter controlo sobre a pandemia, só permitindo público local e apostando na testagem massiva. Ninguém se atreveu a usar o pódio para manifestações a favor dos direitos humanos, enquanto a tenista Peng Shuai reapareceu para se encontrar com o presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, mas a negar ter sido vítima de abuso sexual.
Para contrastar com o êxito interno, do qual o presidente Xi Jinping saiu reforçado, a edição de Pequim"2022 foi praticamente esquecida no resto do mundo, face à possibilidade de uma guerra entre Ucrânia e Rússia. A tensão entre os dois países terá motivado a mensagem de paz lançada por Bach, além do apelo a um acesso igualitário a vacinas contra a covid-19. "O poder unificador dos Jogos Olímpicos é maior do que as forças que nos possam dividir. Oxalá todos os líderes políticos se inspirem no vosso exemplo de solidariedade e paz", disse o presidente do COI.