Pedro Nuno, de 48 anos, está a fazer-se treinador fora do país, somando já quatro conquistas, todas em continentes diferentes. A mais recente foi a Taça Presidente do Barém
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Em 2012, Pedro Nuno (48 anos), que se retirara três anos antes, ainda esteve para voltar a jogar, no Illiabum, mas uma chamada do treinador espanhol Pep Clarós levou-o até ao México para orientar o Pioneros no princípio de uma carreira até agora maioritariamente passada fora do país. Percorridos já quatro continentes, com a conquista da Liga Américas nos mexicanos (2013) e troféus no Canadá (conquistou a Divisão Atlântico com os Halifax Rainmen em 2014/15), em Portugal (Taça com o Illiabum em 2017/18) e na Argélia (campeão no Groupe Sportif Petroliers, onde passou parte de 2018/19), o português alcançou esta semana novo sucesso: no Al-Manama Club desde o início da época, ergueu a Taça Presidente no Barém, depois de vencer o Al-Riffa, por 95-85. "Neste troféu, todas as equipas da primeira divisão são divididas em dois grupos, dependendo da classificação da fase regular. Apuravam-se os dois primeiros de cada grupo e havia final-four. Apesar de termos terminado em primeiro na fase regular, não posso dizer que éramos os favoritos pelas ausências e lesões de jogadores importantes, levando-nos a recorrer aos sub-20. Não podia estar mais satisfeito", contou Nuno a O JOGO, explicando a opção por ir sendo treinador emigrante. "Os melhores projetos e condições têm vindo sempre do estrangeiro. Tenho optado por sair, até porque creio que é melhor para a minha evolução."
Ainda assim, o técnico não descarta um regresso a Portugal, onde trabalhou duas épocas nos últimos sete anos - sempre em Ílhavo, foi finalista da Proliga em 2013/14 e vencedor da já referida Taça de Portugal de 2017/18. "Foram dois anos com sucesso e durante os quais fui muito feliz. Voltar nunca deixa de ser uma possibilidade, mas se calhar não é a mais forte. Interessa-me, mas tem de ser num projeto que tenha ambição de ganhar. Aliás, no Illiabum, no início daquela época, disse que ia lutar por títulos. Na altura, o presidente não acreditou muito, o que é certo é que depois ganhámos a Taça... Tem de ser num projeto para ganhar, interessante e sério", defende.
Vida de emigrante já em jogador
Nascido na Figueira da Foz, Pedro Nuno formou-se na Naval 1.º de Maio e na Ovarense, antes de se tornar o primeiro português a assinar um contrato profissional no estrangeiro, em 1997, pelos belgas do Okapi. Portanto, a veia de emigrante não é de agora, tendo ainda jogado em Espanha (Alcudia e Burgos) e no Uruguai (Salto). Em Portugal, o antigo extremo, internacional 72 vezes (60 pela Seleção A), jogou ainda na Oliveirense, Aveiro Basket, FC Porto, CAB Madeira (do mentor Clarós) e Vagos.
" Manama rico? não é pobre..."
Conquistada a Taça Presidente, Pedro Nuno tem mais dois troféus na calha esta temporada, o campeonato (que dá acesso à Liga dos Campeões Asiáticos) e a Taça do Barém (apura para a Taça dos Clubes Campeões Árabes). "Após uma época considerada má para o clube, sem nenhum troféu e um quarto lugar na liga, o objetivo é ganhar tudo, sendo o campeonato o mais importante", conta o português. Sediado na capital, o Al-Manama faz parte de um lote de quatro equipas com mais meios. "Se o Manama é um clube rico? Não é pobre [risos], mas não é o que tem mais dinheiro. Esses serão o Muharraq, os campeões em título. O Al-Riffa também e depois o Al-Ahli, que é o clube do povo, como eles dizem. Nós estaremos dentro dos quatro com mais dinheiro e com a mesma ambição de poder ganhar", esclarece.
Regresso a Portugal só em Março
Pedro Nuno esteve em Portugal no passado mês de outubro, quando a fase regular do campeonato do Barém terminou, tendo previsto voltar cá apenas em março. No país do Golfo Pérsico, a competição prossegue e haverá jogos no Dia de Natal e no fim do ano. "É compreensível, estando a trabalhar num país muçulmano. Há que encarar estas coisas com naturalidade. Não posso dizer que a adaptação ao país tenha sido difícil sequer, até porque não sobra muito tempo entre treinos e jogos. O mais difícil é mesmo estar longe da família", reconhece o antigo internacional.