Atletismo é apenas a oitava modalidade em número de federados, número que pode disparar
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A maioria dos corredores amadores acusa a Federação Portuguesa de Atletismo de querer ganhar dinheiro à sua custa, mas a criação da “Filiação por um dia”, aprovada em Assembleia Geral, após proposta das Associações de Braga e Setúbal, terá um segundo objetivo, patente ontem no comunicado federativo. “O atletismo nacional tem de voltar ao patamar de excelência onde merece estar e o aumento de número de filiados é uma das bases de suporte para esse objetivo”, pode ler-se.
Na época passada, a FPA atingiu um recorde de 23 835 federados, mas o crescimento de 1960 atletas em relação a 2023 não terá alterado muito a sua posição entre as várias modalidades. Há dois anos, o atletismo era oitavo no total de atletas, atrás de futebol (215 051), natação (103 494), voleibol (59 202), andebol (48 594), basquetebol (30 833), ténis (27 578) e ginástica (23 052). Várias dessas modalidades registaram aumentos extraordinários na última década - em alguns casos mais do dobro - pois passaram a incluir nos filiados jovens de escolas e colégios ou participantes em competições de captação ou de lazer.
O atletismo, que até ao início deste século estava apenas atrás de futebol, andebol e basquetebol, foi perdendo terreno, apesar de já contar com 42% de veteranos, o que significa estarem federados bastantes dos que participam nas corridas de estrada. As novas licenças, mesmo que gerem uma diminuição na participação em corridas populares, podem representar um salto para o segundo ou terceiro lugares da tabela, o que vale dinheiro, pois os subsídios do IPDJ às federações são baseados em resultados internacionais e sobretudo... nos federados.
Os 31 euros que geram indignação
Federação explicou, em comunicado, que cobrará aos corredores populares por filiação em portal. Licenças para correr foram explicadas: não se aplicam a jovens nem caminhadas, serão cobradas diretamente pela FPA (3 euros por corrida ou 31 por ano) e incluem seguro. Protestos continuam a crescer.
A notícia de O JOGO sobre as licenças que a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) vai cobrar para quem participar em corridas amadoras, de estrada, trail ou montanha, gerou uma onda de indignação que um comunicado emitido ontem pelo organismo não apaziguou. Pelo contrário. Ao esclarecimento seguiram-se mais protestos.
A FPA já reviu os valores anunciados após aprovação em Assembleia Geral, assim como anunciou o método de funcionamento das licenças. “A medida aplica-se apenas a atletas não filiados na FPA, nas categorias de absolutos e veteranos. Os atletas dos escalões jovens, até sub-18, não pagam qualquer valor, devendo apenas ter seguro válido. Esta licença federativa só será obrigatória nas provas de atletismo pagas e com classificação, com valor de inscrição superior a cinco euros”, explicou a federação em comunicado, deixando de fora as caminhadas e acrescentando que os organizadores podem “baixar o valor das inscrições, uma vez que o seguro desportivo já está assegurado”. Quem se filiar para toda a época pagará 31 euros e terá “acesso aos mais de 100 centros do Programa Nacional de Marcha e Corrida”, incluindo “acompanhamento por técnicos especialistas, treinos em grupo e acesso a instalações”, o que permitirá treinar em várias pistas de tartan. Os que pretenderem o registo para uma só prova, terão de pagar três euros no Portal FPA - além da inscrição exigida por organizadores -, recebendo um cartão digital federado.
Alegando seguir a Lei de Bases e o exemplo de várias federações de outros países, a FPA passará assim a “controlar e validar todo o processo regulamentar de inscrições”, explicando que as verbas resultantes das licenças serão “investidas no desenvolvimento nacional e regional da modalidade, com especial foco na formação”. As boas intenções não colheram e ontem as redes sociais já registavam centenas de protestos.
“É um roubo aos amadores”
Petição contra a licença ia em 6500 assinaturas e Paulo Costa, organizador da “Meia” do Douro, não poupou críticas a Castro.
“É uma medida gravosa com a roupagem melíflua da proteção, do seguro e da modernidade. Um autêntico roubo aos atletas amadores e às centenas de organizações, como se não estivéssemos num país onde a prática desportiva está pelas ruas da amargura”, escreveu ontem Paulo Costa, organizador da Meia-maratona do Douro Vinhateiro e da Maratona da Europa, em carta aberta dirigida a Domingos Castro, que rotula como “grande na pista, diminuto na liderança”. O diretor da GlobalSport, pedindo ao presidente da FPA que “tenha vergonha”, considera a “taxa” uma “obscenidade moral, patetice legislativa”. “Se esta medida, tola e desprovida de sensibilidade, avançar, deixo já aqui a minha disponibilidade para ceder, pelo preço justo, os direitos das provas que criei. Que a Federação as compre. Que as organize”, escreveu, alegando juntar a sua voz aos “milhares de comentários em redes sociais que testemunham a indignação do país”. A carta do organizador somou-se a muitos protestos populares, parte deles canalizados para uma petição pública a pedir a revogação das licenças e que em 24 horas passou as 6500 assinaturas.
Foram 40 ao Europeu de corta-mato
Domingos Castro está apostado em revitalizar o atletismo e deu um exemplo mal a sua direção tomou posse, ao convocar 40 atletas para o Europeu de corta-mato que se realizou em Antalya, Turquia, a 8 de dezembro. Foi um recorde de participação da Seleção Nacional, a intenção será ocupar sempre o total de vagas internacionais e isso custará dinheiro. As licenças irão ajudar...