"O mínimo nunca é suficiente. Nos Jogos temos de apontar o mais alto possível"
Luís Frade tem 22 anos e foi o primeiro português a conquistar a Liga dos Campeões. A O JOGO, o pivô do Barça explica a ambição que o distingue.
Corpo do artigo
Luís Frade tem 22 anos, mas irradia uma confiança que sempre lhe permitiu queimar etapas.
13895210
Foi com ela, mais a força dos seus 1,94 metros, que o pivô chegou a sénior no Águas Santas ainda juvenil, se fez titular no Sporting logo no primeiro ano e cumpriu 56 jogos pelo Barcelona na época de estreia, ganhando todas as cinco competições em Espanha e ainda a Liga dos Campeões. O seu próximo desafio são os Jogos Olímpicos e também vai... para ganhar.
Ir aos Jogos Olímpicos fazia parte dos seus sonhos ou até há pouco mais de um ano nem pensava nisso?
-Não esperava. Para mim, os Jogos Olímpicos são o topo, não do andebol mas de todo o desporto. Qualquer atleta quer representar o seu país nos Jogos. Mas para uma modalidade coletiva era bastante difícil. Conseguimos, e agora vamos viver o sonho.
Ir a Tóquio, mas só poder sair da Aldeia Olímpica para jogar será o mesmo?
-Nunca experimentámos, não sabemos o que esperar. Provavelmente vai ser estranho. Mas já no Mundial e no apuramento olímpico foi tudo mais comedido. Tínhamos a nossa sala e não podíamos ter interação com outras pessoas. Estamos num ambiente totalmente testado e, mesmo assim, precisamos de ter cuidado, pois um teste covid positivo tira-nos logo da competição...
Gostava de conhecer algum atleta fora do andebol?
-Não sei. Vou para viver a experiência e para mostrar que o andebol está em crescimento e tem grandes desportistas, que trabalham muito. Para mim, só isso será fantástico.
Vocês vieram de férias. Um mês de preparação chegará para atingirem a forma habitual?
-A paragem não foi muita... Todos tivemos uma época muito preenchida, estávamos exaustos e a precisar de uns dias para desconectar do andebol. Por muito que se goste da modalidade e das suas pessoas, há saturação num ano tão cheio. Mas foram férias sem parar totalmente, para não deixar o corpo desligar. Foi só para mudar os ares, estar longe de pavilhões e bolas...
Serem apenas 14 jogadores vai custar? E fazer diferenças na equipa?
-Com 14 jogadores a rotação da equipa será menor. Já estamos mentalizados para isso. Não é bom, até porque todos os que participaram nesta qualificação mereciam estar nos Jogos Olímpicos. Vamos encontrar forma de atenuar isso e camuflar a falta de rotatividade.
"Só pensar que se pode ganhar dá outro espírito. Foi assim que nós, "underdogs", passamos a dar luta a todos"
Começar com Egito e Barém, ter depois Suécia e Dinamarca e fechar com Japão foi um bom sorteio?
-Vamos jogar contra todos! O Egito tem uma equipa fortíssima; do Barém não temos tanto conhecimento, mas para estar nos Jogos é porque fizeram algo bem. O objetivo é ganhar a todos, sempre joguei para ganhar a todos, por isso, ser primeiro Egito ou Dinamarca é igual.
É verdade que olha da mesma forma para qualquer adversário?
-Sim! Não posso falar da minha vasta experiência, mas desde os campeonatos jovens aprendi que, entrando a top, qualquer equipa ou seleção pode dar luta. Só o pensar que se pode ganhar dá outro espírito. Foi assim que nós, como "underdogs", passamos a dar luta a todos. Por isso, vamos com o mesmo pensamento para todos, e tentar arrumar os jogos o mais rápido possível, para permitir fazer a rotatividade de jogadores.
Nem todos os jogadores pensam assim...
-Aqui pensamos todos assim. Sobretudo desde o dia em que ganhámos à França em Guimarães, e depois no Europeu outra vez. Estamos agora com um ranking melhor e já não nos olham da mesma forma.
Até onde esperam chegar nos Jogos?
-Essa é uma pergunta difícil, é a nossa primeira vez...
Conseguir o diploma olímpico, dos oito primeiros lugares, será bom?
-Não! O mínimo nunca é suficiente. Temos de apontar ao máximo. É difícil? Sim, muito difícil, mas não podemos trabalhar sem apontar para cima. O nosso dever é apontar o mais alto possível. Não podemos garantir até onde chegamos, mas o foco está no topo.