O meu 25 de Abril | "Passei o dia e uma parte significativa da noite na rua, particularmente no Largo do Carmo"
50 anos do 25 de Abril >> José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, recorda o dia da Revolução dos Cravos e analisa o que mudou no desporto em Portugal ao cabo de 50 anos de democracia
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Onde estava no 25 de Abril?
Estava no Instituto Nacional de Educação Física (INEF). Fui para as aulas de manhã, às 8h30, creio. Recebi a notícia daquilo que se estava a passar no Terreiro do Paço. Foi nesse momento que tomei conhecimento das ocorrências que as forças militares estavam a desencadear. Fui imediatamente para o Terreiro do Paço, para o Largo do Carmo. Passei o dia e uma parte significativa da noite na rua, particularmente no Largo do Carmo e nas áreas adjacentes. A partir do momento em que o presidente Marcelo Caetano sai da chaimite, as tropas lá desmobilizaram, mas depois houve um conjunto de movimentações à volta daquela zona, designadamente o assalto à sede da PIDE, e eu andava por ali. No INEF, assistiu-se a uma radicalização no âmbito do movimento estudantil, que resultou em várias paragens e, sobretudo, greves até ao verão de 1975.
Como analisa a evolução do desporto nacional de então para cá?
De forma positiva, com o reconhecimento do papel do associativismo, do reconhecimento constitucional do direito ao desporto, a representação do país nas competições internacionais e a competitividade externa que Portugal apresenta relativamente a esse período. Portanto, houve uma democratização do sistema desportivo e uma melhoria do ponto de vista qualitativo dos resultados alcançados no contexto internacional.