50 anos do 25 de Abril >> Marco Chagas, ex-ciclista e comentador televisivo, recorda o dia da Revolução dos Cravos e analisa o que mudou no ciclismo em Portugal ao cabo de 50 anos de democracia
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Onde estava no 25 de Abril?
Estava a trabalhar como ajudante de eletricista, a fazer uma instalação na obra de uma aldeia próxima de Pontével, onde cresci. Tinha 17 anos, mas comecei a trabalhar aos 12 - oficialmente só aos 15 - no balcão de uma casa de fotografia. Mas já era ciclista e estava no primeiro ano como federado, treinando nas horas vagas. Corri cinco anos como popular e nessa altura alinhava como individual, pois pertencia ao Sporting mas o clube não tinha esse escalão; só no ano seguinte entrei na equipa. Como fui para a obra, soube pela rádio que estava em curso uma revolução. Nessa altura não havia televisões em todo o lado...
Como analisa a evolução do ciclismo de então para cá?
A evolução foi tremenda e em tudo. Nos materiais, a começar pelas bicicletas, nos equipamentos, nos métodos de treino, na nutrição e também nas estradas, sobretudo nas do nosso país. As estradas da altura eram horríveis. Nessa década de 1970, e sobretudo no Norte, praticamente todos os pisos eram de empedrado. Só nos anos 1980 passaram a ser substituídas pelas de piso liso. Recordo-me da primeira vez que corri no Porto, aos 16 anos, de ter ficado com as mãos desfeitas, iguais às dos corredores que fazem o Paris-Roubaix. Mesmo as estradas asfaltadas eram muito ásperas e cheias de buracos. Hoje, em Portugal, podemos dizer que temos corridas em boas estradas.