Dinis Leão, oposto do Leixões, faz o balanço do desempenho do clube nesta época.
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Tendo sido um dos expoentes do voleibol português, sobretudo entre as décadas de 60 e 80 do século passado, onde conquistou oito campeonatos nacionais, uma nova era está à vista no Leixões.
Foi a equipa sensação do Campeonato Nacional masculino, tendo estado perto de bater o Benfica e chegar à final, sobretudo no primeiro e no terceiro encontros. "Faltou-nos experiência, maturidade e mais jogo de alto nível. O Benfica já tinha uma rotina para esses momentos que nós não tínhamos", refere Dinis Leão, oposto da formação de Matosinhos, a O JOGO.
Após o terceiro desaire perante as águias, o técnico Tiago Sineiro teceu palavras de conforto aos jogadores: "Disse que nós não trabalhámos para estas vitórias morais e que a postura com que deixámos esta meia-final mostra que fomos dignos de lá estar. Isto não nos serve de consolo, mas sim para sabermos que estamos no caminho certo e que temos valor, mas há muito para melhorar ainda", revela o melhor pontuador do play-off até ao momento.
Desde que há Divisão Elite - 2015/16 - nunca o Leixões fez parte dos quatro finalistas e, quanto à mudança de paradigma, o atleta divide os louros. "Nós somos uma equipa bastante ambiciosa e estamos de parabéns pela postura que conseguimos manter durante a época toda. Tivemos um equilíbrio perfeito entre humildade e arrogância. É preciso arrogância para defrontar adversários melhores e com mais experiência do que nós, mas também é preciso humildade para aprendermos com eles a cada jogo. Além disso, esta nova direção fez toda a diferença [assumiu funções em 2018]. Investiu e restruturou o Leixões, conseguiram agarrar um treinador da casa, o professor Tiago Sineiro, conciliando a qualidade de alguém formado aqui com alguns atletas de valor. As condições que tivemos esta época, relativamente à passada, são incomparáveis, e nota-se que estão constantemente a querer melhorar", elogiou. Exemplo disso é o facto da equipa ter chegado a Lisboa no dia anterior ao primeiro de dois encontros das meias-finais, "algo que é considerado normal, mas foi a primeira vez este ano que isso aconteceu", conta Leão.
Com uma estrutura "em sintonia", o Leixões está satisfeito com o que foi feito até ao momento, mas a temporada ainda não acabou: "Estamos focados no que podemos alcançar, por isso a Taça Federação é agora o nosso objetivo". Quanto ao próximo adversário, que sairá da outra meia-final, entre Fonte do Bastardo e Sporting, Dinis Leão não tem preferência. "Ao nosso melhor nível, nós sabemos que temos capacidade para vencer qualquer um dos dois", afirmou.
Quer atinjam ou não o próximo objetivo, uma coisa é certa para o oposto de 26 anos dos matosinhenses: "Este é o regresso do Leixões aos grandes palcos".
Melhor pontuador: "Números só tinham significado se passássemos à final"
Esta época, Dinis já soma 516 pontos (492 no campeonato) e é, até ao momento, o melhor pontuador da final four, com 57, seguido de Hugo Gaspar (51) e Edson Valência (48). "Esses números só tinham significado se passássemos à final. A minha função é fazer pontos e sabe sempre bem, mas o objetivo era atingir as três vitórias. Só nos podemos agarrar às estatísticas individuais, quando o objetivo é cumprido. E não foi. Nós jogamos pela equipa e focamo-nos na única coisa que nos foi exigida esta época: darmos tudo de nós", afirma o oposto.
"Estou num grande e estou feliz"
Falar do Leixões é falar de uma massa adepta com presença assídua em qualquer encontro, seja de masculinos ou femininos. Dinis Leão já teve algumas propostas para jogar noutros clubes, quer a nível nacional, quer internacional, mas garante estar feliz em Matosinhos. "Eu gostava de saber qual é o clube que, no voleibol, move mais adeptos do que o Leixões. Aqui mostram-nos que fazemos parte de uma cidade. Os nossos adeptos vêm assistir aos jogos e fazem parte deles. Estou num grande. Gostava de ter a experiência de jogar no estrangeiro, mas vivo uma temporada de cada vez e estou feliz como estou", afirmou o jovem, que já passou pela Académica de São Mamede e pelo Sporting de Espinho.
"Seleção já não é um objetivo"
Com seis internacionalizações enquanto sénior, Dinis Leão não é aposta regular na Seleção Nacional, mas esse não é o único motivo pelo qual já não ambiciona representar o País. "A Seleção já mostrou, ano após ano, que eu não sou uma aposta. Deixou de ser um objetivo da minha parte. É, sem dúvida, o expoente máximo, mas são precisos outros sacrifícios. Depois de uma época de oito meses muito intensa, com lesões que não dão para recuperar totalmente, ainda estar dois/três meses em regime de internato, com condições que não são as melhores, é algo que acaba por ser complicado", refere, acreditando que já deu "tudo o que tinha a dar pela Seleção", mas que esta sempre lhe mostrou "não ser suficiente".
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