"O António Carvalho será o chefe de fila, mas há liberdade também para mim"
Frederico Figueiredo mudou do Tavira para a Efapel e a O JOGO recorda o terceiro lugar na Volta a Portugal e o triunfo no Joaquim Agostinho que lhe deram um clique à carreira<br/>
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Frederico Figueiredo, pelo Atum General/Tavira, ganhou o Troféu Joaquim Agostinho, fez pódio nas duas maiores etapas de montanha da Volta a Portugal e foi terceiro na geral. A O JOGO detalha as ambições na Efapel.
A primeira vitória chegou. O Joaquim Agostinho foi um clique?
-Sentia que as coisas iam melhorar se encarasse a volta com tranquilidade. Ao ganhar etapa e geral do Troféu as coisas melhoraram. Chegámos à Volta e saiu naturalmente sem pressão.
O plano era lutar pela Volta e na Senhora da Graça o plano começou bem.
-Disse ao Vidal Fitas [diretor desportivo] que ia arrancar antes da subida final. Ele disse-me que eu era maluco [risos]. Quando o Amaro Antunes arrancou pensei que era o momento ideal. Ganhámos um espaço, o Amaro tinha de ir comigo porque seria perigoso para ele se não o fizesse. Se eu tivesse sido mais frio poderia ter ganho a etapa, mas se não tenho puxado não ganhava tempo. Estava a sonhar com a amarela.
"O terceiro lugar na Volta aumenta a responsabilidade. Vou ter os olhos postos em mim"
E foi um bom desfecho?
-Ganhei quase minuto e meio. É muito bom. Já não via há muito tempo alguém a ganhar aquele tempo na Sra. da Graça. Ganhar a etapa e a amarela era bom, mas pensei na geral. Sabia que faltava a Serra, que podia sorrir-me.
Na Torre, lamenta mais não ter vencido?
-Essa ficou-me entalada. Marcou-me. Quando me falaram do mau tempo, que não dava para ganhar muito tempo, o Vidal pediu-me para pensar na etapa. Meti isso na cabeça. Vinha bem e arranquei muito cedo: entreguei a vitória ao Jóni Brandão.
Seria o coroar da época?
-Para mim, ser terceiro na Volta, ganhar na Torre e o Agostinho seria a época perfeita. Era estar a ser guloso pedir mais. Estive bem em todas as provas. Ficava mais feliz se ganhasse a Volta ou se fosse segundo, mas senti que melhorei este ano.
A Efapel assumiu que o líder é o António Carvalho. Lida bem com isso e com a pressão de substituir Jóni?
-O Jóni era o líder, deixou a sua marca, mas somos diferentes. O António será o chefe de fila e isso não se questiona, mas sei que há uma liberdade também para mim. O terceiro lugar na Volta aumenta-me a responsabilidade. Terei os olhos postos em mim. Vou liderar no Agostinho e, na Volta, o Carvalho é um corredor completo, que sobe bem e faz bons cronos, mas como se viu na W52 o líder foi mudando ao longo da Volta. Tudo depende de como as coisas se desenrolarem.
Sonhou com a amarela em Lisboa, relatou as etapas maiores e o amargo que teve na meta. O ciclista de São João de Ver entrega a António Carvalho o estatuto de chefe de fila neste novo projeto
Obrigado aos amigos do Tavira
Chegou em 2017 para o clube do coração, o Sporting, e no projeto sediado em Tavira ficou quatro anos. Com crescimento para agradecer.
Era o líder no Tavira. O que o levou a sair?
-A indefinição. A nível económico as propostas melhoraram. Não senti tanta confiança no projeto do Tavira.
Acaba por ser lá que se desenvolve.
-Tenho uma relação ótima e agradeço a uma equipa que me apoiou como outras não fizeram. Levo muitos ensinamentos do Tavira, das palavras do Vidal Fitas. O Marque e o Trueba faziam, comigo, um grande trio. Tínhamos muita amizade. Foram vários anos juntos. Vou ter saudades."
"Agradeço a uma equipa que me apoiou como outras não fizeram"
Considera o Gustavo Veloso candidato a ganhar a próxima Volta?
-Sempre. Aos 41 anos vemo-lo a discutir prólogos, a perder pouco tempo nas montanhas. O Tavira falava com ele enquanto eu ainda lá estava. Tem uma equipa boa para o ajudar.
A W52-FC Porto vai jogar de modo diferente?
-O Nuno Ribeiro sabe que tem de eliminá-lo numa etapa mais dura por temê-lo no contrarrelógio. Era quem fazia mais diferenças aí. A corrida tem de ser mais atacada e isso beneficia-me.