Português entra na quarta época na NBA, a segunda por Boston, que vai defender o título ganho em junho
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Atingindo muito mais do que o imaginado desde que foi escolhido no Draft de 2021 por Sacramento, Neemias Queta (25 anos) parte esta madrugada para a quarta temporada na NBA, a segunda com as cores de Boston. Pelos Celtics, o basquetebolista do Vale da Amoreira tornou-se o primeiro português a conquistar a liga norte-americana, mantendo-se no grupo campeão após assinar, no início de julho, um vínculo válido para os próximos três anos (dois primeiros garantidos a troco de 4,2 milhões de euros e o último com opção de equipa).
Numa situação bem mais estável - nas três épocas anteriores recebeu contratos “two-way” (duas vias) -, o poste luso procura fortalecer o seu espaço nos verdes, jogando com a ausência de Kristaps Porzingis (lesionado no tornozelo esquerdo até meados de dezembro) e com a veterania de Al Horford (38 anos) para entrar nas contas do treinador Joe Mazzulla, que também volta a ter Luke Kornet e Xavier Tillman para as posições mais interiores.
Na pré-temporada, Queta foi chamado nos cinco encontros realizados (médias de 5,5 pontos e 4,4 ressaltos), saindo-se particularmente bem no penúltimo. Na receção a Toronto, foi titular e acabou eleito Homem do Jogo (duplo-duplo de 12 pontos e 15 ressaltos em 20 minutos), mostrando-se uma opção válida para ajudar na luta pela revalidação do título e ir além dos 31 jogos de 2023/24 (28 na fase regular e três no play-off).
Depois de festejarem pela primeira vez desde 2008, batendo Dallas em cinco encontros, os Celtics partem com amplo favoritismo a repetir a dose. A equipa técnica apostou na total continuidade para desafiar o historial mais recente da liga norte-americana - sete campeões distintos desde 2018 -, com as estrelas Jaylen Brown (MVP da final) e Jayson Tatum à cabeça. Várias trocas nas equipas de Este foram a pensar em travar a valiosa dupla: Philadelphia juntou Paul George a Joel Embiid e New York adquiriu Mikal Bridges e o All-Star Karl-Anthony Towns. Do Oeste “selvagem”, a oposição ao principal candidato é mais difícil de prever, podendo passar outra vez por Dallas (do novo trio Luka Doncic, Kyrie Irving e Klay Thompson), Oklahoma (do Treinador do Ano Mark Daigneault), Denver (do MVP Nikola Jokic, agora acompanhado de Russell Westbrook) e Minnesota (com Anthony Edwards mais os recém-chegados Julius Randle e Donte DiVincenzo).
Meia hora antes da bola ao ar da noite de abertura, no culminar das celebrações, Queta e os companheiros vão viver mais um momento especial no TD Garden, ao receberem o valioso anel representativo do título e assistir ao descerrar do pano do 18.º campeonato, pensando depois em atacar um “bi” que lhes foge desde 1968 e 1969.
LeBron e Bronny juntos em campo
Mesmo antes de começar, já se sabe que a temporada 2024/25 se vai tornar especial por marcar a primeira vez que pai e filho vão jogar juntos na NBA. Volvidos cerca de três anos de manifestar a vontade de coincidir em campo com o descendente mais velho, Bronny James, de 19 anos, e à entrada para a 22.ª época, LeBron James, de 39, está prestes a cumprir o desejo. Em 79 edições, já se viram vários pais e filhos a passar pela liga - Dell Curry, Stephen Curry e Seth Curry, Scottie Pippen e Scottie Pippen Jr., Joe Bryant e Kobe Bryant e Michal Thompson e Klay Thompson são os exemplos mais famosos -, mas nunca ao mesmo tempo.
O feito inédito ganhou forma quando os Lakers escolheram o ex-Universidade Southern California na 55.ª posição do Draft deste ano. “Os grandes momentos do desporto acontecem com os Lakers”, declarou o diretor geral Rob Pelinka nessa noite, durante a qual também surgiram rumores de o agente Rich Paul ligar a diversas equipas a pedir para não escolherem James Jr., caso contrário ele prosseguiria a carreira na Austrália. Nem tudo foram celebrações na equipa de Los Angeles, acusada de nepotismo, multiplicando-se as críticas com os pobres desempenhos do jovem base na Summer League e ao longo da pré-temporada. Nesta, o King e o filho cruzaram-se pela primeira vez no embate contra Phoenix, a 7 de outubro, aguardando-se agora pela estreia oficial, que não deve demorar. O técnico JJ Redick já adiantou que o momento histórico vai acontecer numa fase inicial da época, entendendo-se que o destino de Bronny, em breve, é a G-League para continuar o seu desenvolvimento: teve médias de 4,8 pontos, 2,8 ressaltos e 2,1 assistências em meia época pelos Trojans, depois de recuperar de uma paragem cardíaca. “Vai haver muito ruído externo sobre o Bronny. Se não jogar, as pessoas vão querer que ele jogue com o LeBron. Se ele jogar, as pessoas vão dizer que ele não merece... Devemo-nos focar no facto de isto ser algo para ser celebrado. É fenomenal e não vamos ver muitas vezes”, resumiu o antigo técnico e agora comentador, Stan van Gundy.
Fim de era em Golden State
Klay Thompson protagonizou o principal movimento de mercado e também a primeira transação de sempre a envolver seis equipas (Dallas, Golden State, Minnesota, Denver, Charlotte e Philadelphia). Ao fim de 13 anos pelos Warriors, o base-extremo de 34 anos elegeu os Mavs para prosseguir a carreira. Os Lakers também desejavam o atirador - LeBron ter-lhe-á telefonado -, mas, apesar de ser natural de LA e admirador de Kobe Bryant, Thompson considerou que no Texas as chances de voltar a conquistar um campeonato são maiores. A saída de Golden State desfez um dos trios mais marcantes da NBA - o sexto mais vitorioso - e o duo dos Splash Brothers. “O que fizemos nunca mais será feito. Não podia imaginar melhor caminhada contigo e o Draymond Green. Mudámos toda a Área da Baía”, despediu-se o “irmão” Stephen Curry, saudoso das épocas dos quatro anéis, das seis presenças em finais (cinco consecutivas) e das 73 vitórias numa fase regular.