"Nasci para o ouro, não nasci para o bronze. Vou dançar pimba em Paris'2024"
Jorge Fonseca conquistou o bronze na categoria de -100 kg dos Jogos Olímpicos Tóquio'2020, ao bater o canadiano Shady Elnahas por waza-ari, alcançando a 25.ª medalha do deporto português em Jogos Olímpicos.
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O judoca português Jorge Fonseca, bronze nos -100 kg de Tóquio'2020, disse esta quinta-feira que nasceu "para o ouro" e não para o último lugar do pódio, após anos de preparação intensa para chegar ao primeiro lugar em Jogos Olímpicos.
"Eu nasci para o ouro, não nasci para o bronze. Estou feliz, posso dizer isso. Infelizmente, não realizei o meu grande objetivo de ser campeão olímpico. Trabalhei imenso para o ouro, tudo o que foi preciso. [...] A cãibra [na mão] não me ajudou na meia-final, estraguei o combate. Foi um erro", analisou, na zona mista do Nippon Budokan.
Jorge Fonseca conquistou o bronze na categoria de -100 kg dos Jogos Olímpicos Tóquio'2020, ao bater o canadiano Shady Elnahas por waza-ari, alcançando a 25.ª medalha do deporto português em Jogos Olímpicos.
Depois de dois títulos mundiais, os primeiros da história do judo português, e uma medalha de bronze em Europeus, o atleta do Sporting, que no Rio2016 tinha sido 17.º, garantiu a sua primeira medalha olímpica, ao pontuar para waza-ari a 39 segundos do fim.
Antes, tinha perdido nas meias-finais com o coreano Cho Guham, depois de afastar o belga Tomo Nikiforov e o russo Niiaz Iliasov para chegar às "meias".
As cãibras surgem, explicou, "com a ansiedade de querer conquistar algo" e quando se sente "muito nervoso", e apesar de já ter trabalhado "com um psicólogo", no momento "não dá para controlar".
Para recomeçar para a disputa do bronze, a receita foi simples, contou. "O meu treinador deu-me na cabeça e disse-me que estava na hora de fazer uma coisa histórica. Viemos para conquistar, não para brincar", atirou.
De resto, mencionou os dois títulos mundiais, em 2019 e 2021, como provas da ambição de chegar ao ouro, mas hoje "não correu bem", tendo agora de "levantar a cabeça" e lutar por voltar a superar-se.
O resultado, ainda assim, é uma melhoria do 17.º lugar do Rio2016, quando estava a superar um cancro e fez "um tratamento acelerado", trazendo-lhe "imenso" sofrimento.
"Viver os Jogos Olímpicos já vivi no Rio2016, não tive de fazer aquelas coisas como a Cerimónia de Abertura. Cheguei mais tarde para poder chegar concentrado no objetivo, que era chegar ao pódio", garantiu.
No último combate, e depois de fazer "waza ari", recebeu um segundo "shido", e tinha de "queimar" 26 segundos para assegurar a 25.ª medalha portuguesa em Jogos.
"Estou em desespero, acabei de cometer um erro. Naquele momento, não dá para controlar, a emoção é tão grande. Cada segundo vale ouro. Estava com medo de perder, já tinha dois castigos, e tenho uma grande guerra com aquele árbitro espanhol [Raúl Camacho], já me lixou a vida no Masters", destacou.
Para chegar aqui na melhor condição física, só trabalhou "resistência e força". "Eu tenho judo, sou explosivo, precisava de resistência para aguentar os combates todos", acrescentou.
Tinha prometido, de forma bem-humorada, que se vencesse dançaria um "pimba", mas agora "não dá vontade".
"Queria dançar pimba, mas com ouro no pescoço, tem uma graça diferente. Com bronze, a gente pode dançar uma kizomba, mas não quero dançar kizomba, quero dançar pimba. Vou dançar pimba em Paris'2024", prometeu.
Ao chegar como bicampeão mundial, não o espantou que os adversários o tivessem estudado, e "o combate com o russo foi prova disso".
"Tentou bloquear o meu judo. Bloqueiam o meu judo ao não fazer judo. No primeiro título mundial, não sabia lidar com isso", lembrou.
Portugal passou a contar quatro medalhas de ouro, oito de prata e 13 de bronze, três das quais no judo, por Telma Monteiro (-57 kg) no Rio'2016, e Nuno Delgado (-81 kg) em Sydney'2000, e, agora, Jorge Fonseca em Tóquio.