Carlos Lopes, em 1985, foi o último nascido na Europa a vencer o Mundial de corta-mato. Hoje, em Aarhus, o continente só terá 29 homens entre 146 inscritos.
Corpo do artigo
O avassalador domínio dos africanos no corta-mato colocou esta especialidade do atletismo numa crise que pode levar à extinção. É contra essa tendência que os organizadores do Mundial que se disputa hoje em Aarhus querem lutar, embora a lista de inscritos seja o primeiro exemplo da "desistência" de muitos países, em particular os europeus.
Os membros da Federação Internacional (IAAF) esperam que surja um não africano a brilhar, mas o júnior Jakob Ingebrigtsen é praticamente a única esperança. Nos seniores, ninguém irá suceder ao último campeão nascido na Europa - Carlos Lopes, em 1985 - ou ao derradeiro medalhado, o ucraniano Sergiy Lebid, bronze em 2001.
O percurso aposta no estilo inglês do século XIX - lama, relva, areia e riachos -, o que agrada aos países que apostam numa presença completa, como Grã-Bretanha, França, Espanha, Estados Unidos e outras nações anglófonas.
O presidente da IAAF, Sebastian Coe, acredita que os dinamarqueses podem relançar o crosse, de tal forma que simbolicamente correrá uma estafeta popular de 4x2000 metros, aberta a toda a população e que até cativou o príncipe herdeiro Frederik.
Mas a euforia não chega a todas latitudes. Só 67 dos 214 países da IAAF estarão presentes e muitos limitam-se a assinar o ponto com um só atleta, como Portugal. A Europa, onde a decadência mais se faz sentir, terá 29 homens em 146 inscritos e 28 entre 123 mulheres. A estafeta mista, a grande novidade, terá 10 equipas, mas, pelo Velho Continente, só o país anfitrião e Espanha.
A crise não é de hoje. Bydgoszcz, a cidade polaca que acolheu o Mundial em 2010, voltou a organizá-lo em 2013 por nenhum outro país querer a prova...