Mundiais: Jacobs continua o mais rápido num dia em que se ouviu o hino da Ucrânia
O italiano Marcel Jacobs, campeão olímpico dos 100 metros, continua a ser o homem mais rápido e, este sábado, sagrou-se em Belgrado campeão mundial de 60 metros em pista coberta, fixando um novo recorde da Europa.
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A vitória do texano que preferiu correr por Itália acabou por ser o ponto mais alto de uma jornada que também teve a emotiva vitória da ucraniana Yaroslava Mahuchikh no salto em altura, totalmente inesperado triunfo do brasileiro Darlan Romani no lançamento do peso ou a inédita tripla no pódio dos 1500 metros para as etíopes.
Jacobs está imparável, desde que se sagrou campeão olímpico no verão passado. Este sábado, voltou a bater os melhores norte-americanos, como Christian Coleman, segundo posicionado e creditado com os mesmos 6,41 segundos, com o ouro a ser assegurado por três milésimos de segundo, apenas.
O triunfo, só clarificado com o recurso ao photo-finish, tem um sabor especial, já que Coleman foi o grande ausente de Tóquio'2020, por estar suspenso devido ao não cumprimento da obrigação de localização para testes antidopagem.
O italiano mostrou um momento de forma fantástico, batendo o recorde de Itália nas semifinais, para depois se apossar, por um centésimo, do recorde da Europa, que era do britânico Dwain Chambers, desde 2009. Jacobs é agora o quarto mundial de sempre, a sete centésimos de Coleman.
O ponto alto das provas realizadas de manhã, pela carga emotiva que teve, foi a vitória de Yaroslava Mahuchikh, a jovem ucraniana que saiu de Dnipro em plena guerra, com o exército russo a tentar ocupar as principais cidades do país.
Após uma cansativa e stressante viagem, com mudanças de direção e com o eco de sirenes de ataques aéreos, explosões e incêndios, saiu pela Roménia até Belgrado, sem conseguir treinar nas últimas semanas.
A atleta de 20 anos é uma das seis ucranianas presentes nos campeonatos do mundo, competição da qual foram excluídas as representações da Rússia e da Bielorrússia, como sanção pela invasão da Ucrânia.
Apesar do momento, conseguiu estar na melhor forma, ela que já era atleta multimedalhada, e venceu com um recorde pessoal a 2,02 metros, mais dois centímetros do que a australiana Eleanor Patterson, que até este sábado era a melhor da época.
No campo das surpresas, a vitória do brasileiro Darlan Romani é já forte candidata a resultado menos previsível destes campeonatos.
Romani, de 30 anos, infligiu a primeira derrota em dois anos ao norte-americano Ryan Crouser, recordista mundial, que aqui teve de se contentar com a medalha de prata, com 22,44 metros, o que até era uma muito boa marca.
Mas Romani, com um tiro a 22,53, chegou mesmo ao ouro, estabelecendo recorde da América do Sul e quarta marca mundial de sempre, numa final de enorme nível, com sete atletas a mais de 21,30 metros.
Outro grande momento aconteceu nos 1500 metros femininos, com a inédita tripla de etíopes no pódio - situação que só foi possível por uma delas entrar nos campeonatos com wild card, já que a quota por país é de dois atletas.
Gudaf Tsegay, a recordista mundial, dominou com larga vantagem, em 3.17,59 minutos, à frente de Axumawit Embaye (4.02,29) e Hirut Meshesha (4.03,39).
Numa das raras incursões em pista coberta, a bahamiana Shaunae Miller-Uibo venceu pela primeira vez os 400 metros indoor, em 50,31 segundos. Pouco tempo depois, um dos companheiros de treino, o trinitário Jereem Richards, ganhou a mesma distância, para o setor masculino (45,00).
A norte-americana Sandi Morris defendeu o título de há quatro anos no salto com vara, com 4,80 metros, tirando o melhor partido da ausência forçada da favorita, a russa Anzhelika Sidorova, dominadora desta época de inverno, até à invasão da Ucrânia.
Cyrena Samba-Mayela é campeã dos 60 metros barreiras, com um recorde francês a 7,78 segundos, e nos 800 metros triunfou o espanhol Mariano García (1.46,20), imediatamente à frente do queniano Noah Kibet, de 17 anos, que passa a ser o mais jovem medalhado em provas de corrida.
No heptatlo, foi preciso esperar até aos 1000 metros finais para se assistir à vitória de Damon Warner, o campeão olímpico do decatlo.
O canadiano entrou na corrida em desvantagem para o suíço Simon Ehammer, anulou os dois segundos que precisava e com mais esse terceiro lugar chegou aos 6489 pontos, segunda marca mundial de sempre.
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