Português optou pela equipa de Superbikes de onde sai o campeão Razgatlioglu para pensar no título. Português tinha propostas de Honda e Yamaha, mas optou pela troca direta com o atual campeão - Toprak Razgatlioglu vai para a Pramac - e irá reencontrar Danilo Petrucci numa BMW cheia de ambições.
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A BMW festejou 37 das suas 51 vitórias no Mundial de Superbikes (World SBK na forma abreviada) nos últimos dois anos, com o turco Toprak Razgatlioglu, que no próximo dia 12, no Estoril, poderá garantir o segundo título consecutivo, rumando depois à Pramac-Yamaha do MotoGP. Para o seu lugar entrará Miguel Oliveira, numa curiosa troca direta, pois o português, obrigado a mudar de campeonato, optou pelo construtor alemão, numa óbvia aposta competitiva. Yamaha e Honda, que também o queriam no WSBK, deixavam entreaberta uma porta do MotoGP, mas estão longe de lutar pelo título.
"Juntar-me à família BMW no Campeonato Mundial de Superbikes é um passo emocionante na minha carreira e no qual vejo um enorme potencial. Entro num projeto que não é apenas ambicioso e competitivo, mas também teve um impacto significativo tanto no campeonato como na indústria de motos", disse o piloto português, ao ser apresentado ontem, e fazendo uma alusão ao crescimento do construtor alemão.
Perto do segundo título consecutivo de pilotos, a BMW continua atrás da Ducati nos construtores - os italianos buscam o tetra - e está a investir para ganhar tudo. Além de Oliveira, foi contratado Danilo Petrucci, italiano de 34 anos com quem o português já se cruzou na KTM, em 2021, saindo o turco e o neerlandês Michael van der Mark, apenas 13.º no Mundial. Petrucci, com sete pódios, é terceiro. "Miguel é dos pilotos mais talentosos e versáteis da sua geração e traz uma experiência valiosa. Juntamente com Petrucci, que já conhece bem, formará uma constelação que reforça as nossas ambições", considerou Sven Blusch, diretor da BMW Motorrad Motorsport. Oliveira, sem traçar metas, agradeceu os elogios: "Ter parceiros fortes dá-me grande motivação para dar o meu melhor".
Salários inferiores... com exceções
Em média, o MotoGP paga salários cinco a dez vezes superiores aos do World SBK - e as motos custam dois a 3,5 milhões, contra 250 a 400 mil euros - e os orçamentos das equipas também são muito inferiores (staff mais curto e menos viagens), mas há exceções. O turco Razgatlioglu, que já leva 19 triunfos e pode festejar novo título no Estoril, estará a receber dois milhões de euros por época na BMW, salário ao nível do MotoGP. Se os valores de Miguel Oliveira (para já desconhecidos) forem semelhantes, até ficará a ganhar...
O que muda nas Superbikes
Mundial das motos que têm uma base de série possui três corridas em cada fim de semana e luta intensa entre 16 equipas.
Em março passado foram contabilizados 53 mil espectadores no Autódromo do Algarve, para ver Toprak Razgatlioglu vencer as três corridas. Foi um domínio absoluto que o lançou rumo a um título que pode confirmar dia 12... no Estoril. Como se depreende, Portugal é ponto de passagem importante no World SBK e também se percebe que existem diferenças de formato relativamente ao MotoGP.
O futuro campeonato de Miguel Oliveira só tem 12 fins de semana (e apenas um fora da Europa, na Austrália), mas em cada um deles há a corrida de sábado (19 a 22 voltas) e no domingo outra denominada Superpole (10 voltas e os pontos da corrida sprint do MotoGP), seguida da principal. O campeonato tem seis construtores (Ducati, BMW, Yamaha, Bimota, Honda e Kawasaki) e 16 equipas, alinhando em média 26 pilotos. As motos, derivadas de série, são mais pesadas que os protótipos do MotoGP (168 contra 157 kg) e menos potentes (230/250 cavalos face a 270/300). Os máximos de velocidade são muito distintos (339,5 e 366,1 km/h), mas em Philip Island o recorde por volta só fica 0,7 segundos aquém.
Local certo para a "estreia"
Miguel Oliveira corre este fim de semana na Indonésia e terá depois o GP da Austrália, entre os dias 17 e 19. Pelo meio haverá a ronda do Estoril do World SBK, dias 11 e 12, na aparência o local perfeito para a primeira presença junto da sua futura equipa e logo no fim de semana em que a BMW tentará dar o segundo título a Razgatlioglu. Os bilhetes têm preços a partir dos 40 euros para os três dias.
Bilhetes da despedida voam
Entre 7 e 9 de novembro o Autódromo do Algarve receberá a penúltima corrida da época de MotoGP e possivelmente também a penúltima de Miguel Oliveira no Mundial de velocidade, onde está há 15 anos - somou 17 vitórias (seis no Moto3, seis no Moto2 e cinco no MotoGP) e um total de 41 pódios -, o que tem gerado uma corrida aos bilhetes. Os preços começam nos 70 euros e nove setores de bancada já esgotaram.