"Miguel Martins ainda não é uma figura em Szeged, mas toda a gente o apoia e gosta dele"
Inês Pereira, namorada de Miguel Martins, mostrou a O JOGO a cidade húngara onde vive com o central da Seleção Nacional e falou sobre a adaptação a uma nova realidade
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Este domingo, a partir das 17 horas, Portugal defronta a Hungria, país onde joga Miguel Martins, a cumprir a primeira época no Pick Szeged depois de oito temporadas ao serviço do FC Porto, o seu clube do coração. O JOGO visitou a "cidade do sol", que tem cerca de 160 mil habitantes, e conheceu o novo "Porto" do central português, numa pequena viajem conduzida pela namorada, Inês Pereira, também ela atleta e portista.
"Ele veio primeiro, eu um pouco mais tarde. A adaptação foi boa, quando chegamos toda a gente foi super simpática, todos nos ajudaram quando precisávamos de coisas, como ir ao supermercado, por exemplo; coisas do dia a dia. Para além disso, a equipa dele sempre o acolheu muito bem. A cidade é ótima, muito bonita, tem vários sítios onde podemos passear", disse Inês, professora de Educação Física, que em Portugal jogava voleibol no Vilacondense.
"Para mim foi um pouco mais difícil passar de um campeonato que, podemos dizer, é superior, para uma divisão que no nosso país seria a terceira. Digamos que desci de nível [ri-se], mas estou aqui com o intuito de apoiar o Miguel, incondicionalmente. Alguém tem de se sacrificar e neste caso fui eu", continuou, ela que joga no Szedged RSE.
Joga voleibol, é zona 4, mas vive na capital do andebol da Hungria, para onde se mudou juntamente com o companheiro. Admite que o central "ainda não é uma figura", mas que "é muito fácil gostar-se dele"
Inês conversou com O JOGO junto a uma das margens do rio Tisza - num dia frio e com neve -, onde o jovem casal português costuma passear o Leon, um cão abandonado que adotaram já na capital do andebol húngaro. "Szeged rivaliza com Veszprém, mas eu acho que aqui é uma loucura, todos vivem para o andebol", sublinhou.
"Ele ainda não é uma figura em Szeged, como é normal, estamos no primeiro ano. Mas, pelo que dá para sentir no pavilhão, toda a gente o apoia e gosta dele. Também é fácil gostar do Miguel, ele é muito dado às pessoas e adora falar com toda a gente", contou Inês, de 23 anos, que amanhã cumprirá, a quase 200 quilómetros de distância, quatro anos de namoro com o internacional português, que já festejou os 24.
"Conheci o Miguel na Baixa do Porto. Depois, e como tinha muitas amigas do andebol na faculdade, que queriam ir ver um FC Porto-Benfica ao Dragão Arena, lembrei-me de lhe pedir bilhetes. Ele nesse jogo foi o MVP, marcou uns nove golos e eu fiquei extasiada. Foi a primeira vez que o vi jogar e fiquei encantada", revelou Inês, com um largo sorriso no rosto.
"Será um jogo especial para mim"
Miguel Martins sabe que Portugal tem de "entrar bem" hoje, frente à Hungria, "imprimir um ritmo forte e mostrar, desde o início, que entrou para ganhar". Treinando de manhã em Budapeste, o central do Pick Szeged sabe que "será um jogo de vida ou morte para as duas seleções". "Eles estão muito pressionados, porque o Europeu é em casa, e nas cabeças deles está a obrigatoriedade de passar esta fase, pois querem fazer algo grande. Isso pode jogar a nosso favor", considerou o meia-distância de 24 anos, que hoje irá defrontar quatro colegas. "Será um jogo especial para mim", admitiu.
"Tem tudo para ser dos melhores do mundo"
"O Miguel tem tudo para ser um dos melhores centrais do mundo: bastante talento e vontade de vencer, além de ser muito jovem", disse-nos Dean Bombac, internacional esloveno que joga na mesma posição do português. "Tem tudo nas mãos. A carreira que vai construir só dependerá dele. Estou a tentar ajudá-lo e ensinar-lhe o que sei, mas, como lhe costumo dizer, tudo depende sobretudo dele", prosseguiu o central de 32 anos.
"Tento ensiná-lo a controlar melhor o jogo. Por vezes ainda tem decisões que não o beneficiam a ele nem à equipa, e tento mostrar-lhe que, como central, ele é que tem a equipa e o jogo na mão. Por isso, ele é que tem de controlar tudo. A este nível, às vezes um milímetro faz toda a diferença e falo-lhe muito das questões táticas que deve dominar", prosseguiu Bombac.
"Somos parecidos, mas diferentes na forma de jogar. Além de central, ele também pode fazer lateral-esquerdo e lateral-direito, tem um bom remate em suspensão e marca mais golos do que eu. Procura mais o golo, o que tem coisas boas e coisas más", afiançou sobre um atleta que considera bastante. "Somos amigos e estamos sempre em contacto. Ainda hoje [ontem] estivemos a falar e quando ele foi a Portugal também falámos regularmente. Talvez no verão vá ao Porto com a minha mulher, passar quatro ou cinco dias", revelou o esloveno, um dos grandes centrais mundiais da atualidade, que não está no Europeu porque a Eslovénia tem uma mão cheia de centrais de nível elevadíssimo.