A atleta olímpica vive, por estes dias, uma situação inusitada. No último verão assinou com a Biotherme Racing Team, alcançando o objetivo de se estrear na mais dura regata oceânica do mundo, mas surgiu posteriormente a oportunidade de completar a equipa 100% portuguesa
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Mariana Lobato será a única velejadora portuguesa a disputar a Ocean Race, mas, antes de dar a volta ao mundo na classe IMOCA, vai disputar a primeira "leg" a bordo do VO65 da Mirpuri Foundation Racing Team.
A atleta olímpica vive, por estes dias, uma situação inusitada. No último verão assinou com a Biotherme Racing Team, alcançando o objetivo de se estrear na mais dura regata oceânica do mundo, mas surgiu posteriormente a oportunidade de completar a equipa 100% portuguesa, primeira na história, que vai participar na Ocean Race Sprint Cup, composta por três "legs".
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O amor à pátria falou mais alto e Lobato não hesitou em pedir autorização ao "skipper" francês, Paul Meilhat, para se juntar, a título excecional, à Mirpuri Foundation Racing Team na etapa inaugural, entre Alicante e Cabo Verde, com largada a 15 de janeiro.
"Não pude recusar, a bandeira portuguesa falou mais alto. Depois de fazer a primeira regata no Race for the Planet da Mirpuri Foundation Racing Team, vou voltar para o IMOCA, com o qual tenho treinado para a Ocean Race Cup. Começo em Itajaí", contou, em Alicante, à agência Lusa.
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Além de ser a única portuguesa, para já, escalada para a classe IMOCA, Mariana Lobato é a única velejadora a ter o marido António Fontes a disputar a 14.ª edição da Ocean Race na mesma embarcação e, no caso, como "skipper" do VO65 Race for the Planet.
"Estou completamente confortável com a situação, porque a bordo não há marido e mulher", defendeu a atleta olímpica, antes de Fontes acrescentar que "enquanto profissionais entendem-se muito bem". Já a restante tripulação brincou com o "entendimento fácil, na medida em que um vai à frente [Mariana na proa] e o outro vai atrás [Fontes no leme]".
Mais difícil, assume Lobato, foi a decisão de embarcar no mesmo VO65 e na mesma regata com o "skipper" e parceiro, uma vez que em terra ficam dois filhos pequenos, Bartolomeu, que chegou à marina na sombra da mãe e está a acompanhar os pais nas vésperas da largada, e Carolina, de três anos.
"Não é fácil. Toda a logística familiar fica mais complicada, mas temos um apoio familiar que nos permite fazer isto. Claro que pode haver acidentes, mas temos de saber respeitar o mar, ser cautelosos e, na nossa vida a bordo, tentar evitar ao máximo situações de risco", acrescentou.
O casal já há muito que desejava fazer a Ocean Race. O velejador português conseguiu em 2017/18, a bordo do Scallywag, mas a Mariana Lobato a oportunidade só surgiu em agosto de 2022.
"Na altura, fiquei em casa com o Bartolomeu e acordámos que na próxima iria eu. Tivemos a Carolina, entretanto, e no último verão decidimos que eu assinaria pela Biotherme e o António ficaria a dar apoio às crianças. Este era o plano, mas surgiu a Ocean Race Sprint Cup em três "legs" para os VO65 e compreendi o quão difícil era para ele recusar esta oportunidade, assim como era para mim não me juntar à equipa 100% portuguesa", recordou a campeã do mundo de Match Racing em 2013.
Integrada na Mirpuri Foundation Racing Team, para representar as cores nacionais na primeira regata na classe VO65, Lobato diz sentir-se "bem e super orgulhosa por fazer parte da primeira equipa portuguesa", antes de retomar o plano original e se colocar às ordens do "skipper" Paul Meilhat, que a considera "uma pessoa com um perfil interessante".
"Ela tem uma experiência diferente de todos nós e isso trará algo extra para o grupo. É também uma pessoa ousada e que tem imensa energia. Espero que seja capaz de injetar algumas ideias inovadoras no barco, pois quero que haja uma troca constante de conhecimentos entre todos. Ao mesmo tempo, tem também uma cultura forte de equipa e esse é um fator muito positivo", destacou o "skipper" gaulês.