Sendo modesta, a equipa de Oliveira de Azeméis fabricou o próprio "balneário" com a ajuda de amigos e inspirou-se nos de Ineos e Astana.
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Quem entra no autocarro da Kelly-Simoldes-Oliveirense admira o luxo e não se engana caso a aparência lhe seja familiar. "Vimos os de várias equipas World Tour e foi inspirado nos de Ineos e Astana", revela Luís Pinheiro, um dos diretores-desportivos de uma equipa que o seu principal responsável, Manuel Correia, considera a de orçamento mais baixo do pelotão. "São 200 mil euros e nem sempre é fácil tê-los...", desabafa.
O novo "balneário" da equipa - foi mesmo essa a designação que a Câmara de Oliveira de Azeméis encontrou para poder ajudar à obra - tem uma caraterística única, foi feito em "casa". A viatura já surgiu há um ano na Volta, sendo entregue por um patrocinador para saldar uma dívida. Mas na altura ainda tinha os 52 lugares.
"Um autocarro em segunda mão vale atualmente 15 a 20 mil euros, da forma como foi transformado agora estará estimado nuns 180 mil", refere Pinheiro, explicando que a construção do interior levou mais de um ano.
"Custou uns 40 ou 45 mil euros para transformar, numa empresa especializada seriam 80 a 90. Não tínhamos esse dinheiro. Fez-se isto com o apoio de algumas empresas de Oliveira de Azeméis, de um colega que ofereceu a cozinha, muitas ajudas, tanto no material como na pessoa que montou tudo.. Os bancos foi a Volvo que os trouxe da Turquia", conta Manuel Correia, que adaptou "o traço vermelho da Ineos à Oliveirense".
Desiludido, por "se andar aqui com muito sacrifício e só à custa da paixão, não só nós mas muitas equipas", não sabe se a Kelly-Simoldes continuará no próximo ano, "mas o autocarro não o venderemos, nesse caso será para alugar". Para Manuel Correia, o ciclismo português "faz-se com engenharia financeira". "Há jornalistas que fazem comparações com as equipas estrangeiras, o que é errado. Nós, com um quinto de alguns dos orçamentos deles, fazíamos muito melhor. Sempre fomos habituados a fazer muito com pouco. Uma Caja Rural, se calhar, tem cinco milhões para gastar", desabafa.
Sendo o autocarro da Oliveirense um fantástico exemplo da capacidade de improvisão das equipas nacionais, em breve não será o único: a RP-Boavista, também de montada nova, está a fazer o mesmo com o seu!