Aos 28 anos, e depois de ter ganho tudo no Benfica, é reforço do Barça, onde chegou como o melhor marcador do campeonato português. Mesmo sem ser titular, diz que se sente "como uma criança feliz"
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João Rodrigues mudou-se para Barcelona, em agosto, depois de ter deixado a Luz, onde jogou nove anos. Voltou agora a Portugal para ganhar a Taça Continental.
Como corre a adaptação?
- Estou feliz pelos dois títulos, pena foi a Supertaça, mas perdemos contra uma grande equipa e a dez segundos do fim. Adoro a cidade e o clube. Os meus colegas têm sido extraordinários e jogam como se nunca tivessem ganho nada. A mim cabe-me trabalhar o dobro.
O Barcelona voltou a negar um troféu europeu ao FC Porto. Como foi fazer parte desse momento?
- Foi muito sofrido e contra o Barcelos também. O Barcelos em casa dificulta a vida a todos, é uma pista muito difícil e eu disse isso à equipa.
Sempre sonhou jogar em Espanha?
- Não era um grande sonho, mas via-me a jogar em Espanha, porque aqui o hóquei é mais tático e mais organizado. Queria saber como é estar deste lado. Mas no Barcelona nunca pensei, daí estar a viver isto de forma intensa.
Só à segunda aceitou o convite do Barça. Porquê?
- Não se concretizou antes porque estava bem onde estava. O Benfica fez um esforço para me manter e tive isso em conta. Quando o Barcelona tocou a segunda vez foi irresistível. Achei que era bom fechar um ciclo e não queria perder o comboio.
Após Montreux ficou algum mal-estar com Nicolia? Pesou na decisão?
- Não. Sempre houve respeito mútuo.
Foi defesa, depois como avançado, jogou na área, agora volta a ter novas funções. Está a ser fácil?
- A adaptação não é fácil, mas gosto porque me revejo neste modelo com maiores rotações e intensidades em que os jogadores estão sempre disponíveis para jogar sem bola e ajudar. Sempre encarei como positivo jogar em zonas diferentes da pista e se calhar foi isso que me trouxe ao Barça. Jogo onde for preciso. Gosto é de somar.
Preocupa-o não ser titular?
- Nada. Sinto-me útil e como uma criança feliz.
No dia a dia, no treino, que diferenças encontra?
- O que mais me impressiona é a capacidade de trabalho. A intensidade é brutal, nunca tiram o pé do acelerador seja qual for o exercício e acredito que isso seja o principal segredo do sucesso.
Na Liga Europeia, vai defrontar a Oliveirense. É um grupo para ganhar?
- O objetivo principal é a OK Liga. A Champions é o extra. O grupo é difícil: o Follonica já no ano passado causou dificuldades e a Oliveirense, só de olhar para o plantel, assusta qualquer adversário. Vamos ter de estar muito bem para sermos primeiros. Temos de lutar por todos os títulos, não há outra hipótese.
Se chegar à final quer jogar com quem?
- Benfica. Seria sinal de que ficaria eu feliz ou os meus amigos.
Gostava um dia de voltar ao Benfica?
- Primeiro, quero ficar muitos anos no Barcelona. Seria sinal de que as coisas correram bem. Não há sítio melhor para estar. Voltar ao Benfica: sim, mas não tenho pressa. Se puder acabar aqui a carreira, acabarei... não escondo.
O que mais o marcou nos anos que passou na Luz?
- Fácil: o título europeu conquistado no Dragão e o golo em Alverca contra o Sporting [Benfica perdeu o título na última jornada em 2016/17]. Ambos me fizeram crescer.