Bruno Lima, massagista da UAE Emirates, lida diariamente com Almeida e acredita no êxito português
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A representação portuguesa na Vuelta não se fica pelos ciclistas João Almeida, Rui Costa e Nelson Oliveira, estendendo-se a elementos do staff das equipas, como Bruno Lima, massagista da UAE Emirates. No entanto, o natural da Aguçadoura, de 38 anos, passou os três dias em solo nacional mais resguardado, pois só trabalhou nos hotéis da equipa.
“Numa equipa do World Tour, o staff é dividido. Na Volta a França eu estava na corrida, a acompanhar os atletas na prova, e outra parte ficava no hotel. Agora está a acontecer ao contrário”, explicou o antigo ciclista a O JOGO, naturalmente satisfeito com o arranque de Almeida nesta edição. “O João é um corredor de excelência e um amigo do coração. Estamos aqui por ele, a dar tudo o que precisa para tentar ganhar. Capacidade ele tem. Em termos de pressão, o João é inteligente”, elencou. Os elogios estendem-se a Tadej Pogacar: “Da qualidade como atleta nem precisamos de falar. Como pessoa, continua a ser o mesmo rapaz do dia em que chegou à equipa. Um corredor educado, respeitoso... É um campeão em todos os aspetos”.
Contratado em 2015, quando equipa era conhecida como Lampre, o poveiro é agora dos elementos mais antigos, a par do ciclista Diego Ulissi, mas ter subido ao mais alto nível não lhe retirou a modéstia. “Acabo por ter uma história normal. Este já era o meu mundo, sempre estive ligado ao ciclismo”, lembrou o ex-sprinter de Maia-Milaneza, Viña Magna-Corpu (hoje Burgos-BH), Barbot e Boavista, que se retirou em 2012. “Nos últimos dois anos em que corri comecei a estudar, já a pensar no futuro. Gosto mais de fazer isto do que da vida como ciclista”, conta Lima, que passa cerca de 200 dias por ano fora de casa, mas continua a viver na Póvoa de Varzim e com orgulho.
Curiosamente, a sala de trabalho de um massagista assemelha-se por vezes a um confessionário. “Somos a primeira pessoa a estar mais tempo com o atleta depois da etapa. E, claro, há dias que correm menos bem. É quando o atleta se abre e fala mais sobre o que pensa”, atestou.