"Já tendo uma prata e um bronze, gostaria de completar a coleção tendo o ouro"
Bárbara Timo chega aos quartos mundiais com a seleção portuguesa, pela qual se naturalizou e começou a competir em 2019, já com um estatuto que a coloca entre os "maiores", tendo sido a única, a par de Jorge Fonseca e Telma Monteiro, a repetir medalhas em Mundiais
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No ano de estreia pela seleção, Bárbara Timo foi vice-campeã mundial de judo, na mudança de categoria foi medalha de bronze, e agora gostava de completar a "coleção" e chegar ao ouro, consciente das dificuldades.
"Gostaria de completar a coleção, já tendo uma prata e um bronze, gostaria de completar a coleção tendo o ouro, sem dúvida, mas acho que o Mundial é uma competição em que cada detalhe conta", começou por dizer à agência Lusa a judoca, a poucos dias de competir nos Mundiais da modalidade, em Doha.
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Bárbara Timo chega aos quartos mundiais com a seleção portuguesa, pela qual se naturalizou e começou a competir em 2019, já com um estatuto que a coloca entre os "maiores", tendo sido a única, a par de Jorge Fonseca e Telma Monteiro, a repetir medalhas em Mundiais.
A judoca nascida no Rio de Janeiro foi medalha de prata em -70 kg em Tóquio'2019 e já no último ano, em Tashkent, bronze em -63 kg.
Melhor do que ela só os "contemporâneos" Jorge Fonseca, bicampeão mundial em 2019 e 2021, e Telma Monteiro, companheira de equipa no Benfica, que soma quatro títulos de "vice" (2014, 2010, 2009 e 2007) e um bronze (2005).
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Em Doha, Bárbara Timo carrega a ambição de voltar a subir ao pódio, mas lembra que são muitos os fatores a contribuírem para que o dia seja perfeito, sabendo que para este tipo de provas todos se apresentam no seu máximo.
"Desde fazer a preparação, a ter uma viagem boa, descansar bem, recuperar, tem a parte do sorteio, ter um bom sorteio, preparar e saber que cada luta é uma final, não existe luta fácil, mesmo que seja uma atleta considerada mais fraca. Para o Mundial e para as Olimpíadas estão todos preparados, é saber que não há luta fácil", explicou.
Para trás fica o "trabalho de casa", toda a preparação que Bárbara Timo considera ter sido positiva, intercalada com cinco provas do circuito internacional, que arrancou com a medalha de ouro, ainda em janeiro, no Grand Prix de Portugal.
"Esse primeiro semestre tem sido muito intenso e muito forte no quesito do treino, com o objetivo do Mundial, sem dúvida, que é um dos pontos altos do ano", assinalou a judoca, que perspetiva continuar a subir no ranking de -63 kg.
Bárbara está em zona de apuramento olímpico e, no ranking mundial, à "porta" das oito primeiras da sua categoria, em que é 10.ª.
"Acho que quanto aos jogos, estou confortável, mas gostaria de entrar no top 8 para ter um conforto maior no sorteio", disse.
Em Doha, a judoca volta a contar com a orientação da treinadora Ana Hormigo, afastada em outubro da seleção pelo anterior presidente, em litígio ainda pendente, e que viaja também para o Catar.
"A minha ligação com a Ana [Hormigo] já vem de há quatro, cinco anos, assim. Então... E agora ela já está há dois anos no Benfica, o que fez com que aumentasse muito mais. Ela está diariamente comigo, faz o planeamento todo, conhece muito bem, não só o meu judo, mas como eu penso, tem uma perceção muito grande, um feeling muito maior de mim, e conhece-me", justificou a judoca.
A presença em Doha da anterior selecionadora, como treinadora do clube, é reforçadamente motivo de satisfação para Bárbara Timo.
"Acho que passa uma segurança muito grande. E deixa-me muito mais confiante, muito mais liberta, assim. Ela conhecer tão bem o meu judo quanto eu me conheço, é o que ela me conhece, então isso me dá uma certeza a mais do que eu posso fazer", acrescentou.
Até competir, na quarta-feira, Bárbara Timo reconhece que a luta será com a "balança" e a grande exigência que foi descer de -70 para os -63 kg, sabendo que precisa se forçar até ao máximo, na expectativa que traga resultados.
"É levar o corpo ao limite, todas as vezes, em termos fisiológicos e mentais também. Então essa parte é sempre uma exigência maior, mesmo do que às vezes a própria competição. (...) Saber que cada atitude que eu tiver, cada dieta que eu fizer, cada treino, cada descanso vai valer a pena no final e confiar no processo", finalizou.
Portugal competirá em Doha, entre domingo e 13 de maio, com 11 judocas: Catarina Costa e Raquel Brito (-48 kg), Joana Diogo e Maria Siderot (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), Bárbara Timo (-63 kg), Patrícia Sampaio (-78 kg), Rodrigo Lopes (-60 kg), e João Fernando e Anri Egutidze (-81 kg).