Inês Ramos a ganhar calo: "A experiência está a fazer-me crescer, como jogadora e pessoa"
Com toda a carreira feita no Esgueira, base-extremo de 23 anos lançou-se na primeira experiência fora, contando a O JOGO como estão a ser os primeiros tempos no Al-Qázeres. Pérola do basquetebol feminino nacional, pré-convocada para voltar à Seleção em novembro, procurou sair da zona de conforto e, em Espanha, deparou-se com um jogo "muito rápido e físico".
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Após guiar o Esgueira até à final da Liga Betclic Feminina na temporada passada, acabando como melhor marcadora da equipa (médias de 15,5 pontos), Inês Ramos, de 23 anos, reforçou a diáspora portuguesa em 2025/26, vivendo a primeira aventura além-fronteiras nas espanholas do Al-Qázeres, da LF Challenge (segunda divisão). O emblema de Cáceres tornou-se destino luso, numa tradição iniciada com Carla Nascimento, havendo agora Ramos, Raquel Laneiro e Josephine Filipe no plantel.
"Está a ser algo desafiante. E a ser a primeira vez para tudo, a sair de casa, do meu país, a mudar de clube, mas precisava mesmo disto. A experiência está a fazer-me crescer, como jogadora e como pessoa", partilha a O JOGO a base-extremo, que já participou em quatro partidas na nova época (duas vitórias), com médias de 28 minutos, 10,8 pontos, três assistências e 1,8 roubos, considerando que emigrou "na altura certa". Só este verão surgiu a oferta do estrangeiro e rumar aos Estados Unidos nunca despertou interesse. "O Esgueira sempre me deu boas condições e entrei na Universidade de Aveiro, que me permitia conciliar com o basquetebol", conta, prestes a concluir o mestrado em Estatística Médica. "É a parte da matemática na saúde. Por exemplo, é preciso fazer a estatística para perceber se um medicamento pode ser lançado para o mercado, se é seguro, se é eficaz...", explica.
No final de 2024/25, a vontade de "sair da zona de conforto era das poucas certezas". "Tinha aquele bichinho de ter uma experiência internacional, tentar um basquetebol diferente e perceber como lidam com o desporto", justifica, dando conta da diferença que lhe salta mais à vista. "O jogo é muito mais rápido e físico, não tão pensado como em Portugal. Essa tem sido a parte mais difícil, mas estou contente com o meu lugar e com o facto de ter algum espaço para errar".
Na lista de pré-convocadas para o arranque da qualificação do EuroBasket Women"2027, Inês Ramos pode voltar à Seleção Nacional, à qual foi chamada na antecâmara do Europeu deste ano, o primeiro de sempre para a equipa das Quinas. Apesar de não ficar no lote das 12 finais - depois esteve nos Jogos Mundiais Universitários -, a jovem fala de um momento "muito gratificante". "Cresci muito em apenas um mês, adorei trabalhar com elas e viver aquele momento histórico de perto", recorda.
"Esgueira é mesmo o meu clube do coração"
A ligação familiar ao Esgueira abriu caminho a um trajeto de longa data de Inês Ramos, que foi dos minis às seniores no emblema dos arredores de Aveiro. "O meu avô tinha sido tesoureiro e o meu tio, que era treinador, levou-me a experimentar no dia do meu aniversário como prenda. É mesmo o meu clube do coração e ter jogado ali ao mais alto nível é um orgulho enorme", declara, sem fechar a porta do regresso, em fase mais avançada da carreira.

