Grupo de técnicos tenta proibir o 7x6, regra aprimorada por FC Porto e Portugal
Contestação à regra tática com que FC Porto e Seleção se têm distinguido começou na Alemanha e já vai ser analisada pela IHF.
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Foi há quatro anos que o andebol mudou. A troca do guarda-redes por um jogador vestido com um colete deu lugar à substituição por qualquer jogador de campo e com isso nasceu um novo sistema tático, o ataque de sete contra seis (7x6).
Dois dos seus melhores intérpretes a nível mundial são, atualmente, o FC Porto e a Seleção Nacional, mas a regra começou esta semana a ser colocada em causa, por um inquérito lançado por Bjorn Pazen, jornalista especializado da Federação Europeia de Andebol (EHF) e da revista alemã "Handballwoche".
Entre 39 treinadores de topo auscultados, incluindo Filip Jicha, do Kiel, e Chema Rodriguez, do Benfica, 30 pediram o fim do 7x6. A Federação Internacional do Andebol (IHF), pela voz de Dietrich Spaten, presidente do comité de instrutores e métodos, já diz que vai "examinar de perto esses argumentos dos treinadores".
Selecionador Paulo Jorge Pereira não percebe como ele e Magnus Anderssson, dois dos melhores intérpretes do sistema tático, não foram ouvidos numa lista de 39 que tem os técnicos de Kiel e Benfica
"Toda a gente diz que Portugal é o melhor do mundo a jogar em 7x6, portanto admiro-me por nem eu nem o Magnus Andersson sermos abordados para esta questão. Fiquei com algumas dúvidas, embora a maior parte dos treinadores daquela lista são dos que aprecio imenso e são realmente de topo", disse Paulo Jorge Pereira a O JOGO. "Eu estou do lado do andebol. Quando outros selecionadores nos disseram, pelos jogos que fizemos no Europeu, que entusiasmámos o público por jogarmos como jogámos, utilizando o 7x6 com eficácia...", atira o selecionador, para chegar ao ponto fundamental: "Não gosto de um 7x6 em que há golos sistematicamente na baliza sem o guarda-redes, devido a falhas no ataque. Agora, se o 7x6 tiver uma eficácia razoável e seja também uma forma de jogar, eu gosto. Estou do lado do andebol eficaz, do jogo que permita ganhar mais adeptos."
A contestação de técnicos como Filip Jicha - que com o Kiel nunca se deu bem frente ao 7x6 do FC Porto de Magnus Andersson - aponta precisamente ao desinteresse dos adeptos. "A regra torna o jogo mais lento. Os treinadores perdem suas variantes táticas, especialmente na defesa", acrescenta ainda Alfred Gislason, selecionador alemão.
"Isso vale o que vale", responde Paulo Pereira: "Temos de ter consciência que passar um jogo a fazer o cruzamento central-pivô, com as diferentes variantes, isso é que é um aborrecimento. Vejo equipas de topo europeu a fazer sempre a mesma coisa e isso é que aborrece. Jogar 6x6 e em alguns momentos de jogo, como nós fizemos, em 7x6, usar mais do que uma opção, acho isso espetacular!".
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"Seleção e FC Porto têm soluções"
"Nos oito jogos do Europeu, os quatro que perdemos foi quando jogámos mal o 7x6. Nós, portugueses, somos capazes, e já estamos a trabalhar para isso, de continuar a crescer e sermos ainda mais competitivos. O 7x6 é uma pequena parte, temos outras opções. Durante o Europeu, lembro-me de dizer que não podíamos depender do 7x6, porque um dia mudavam a regra", revela Paulo Jorge Pereira, admitindo que é necessário evoluir "em partes do jogo como a transição". "Sem o 7x6, Portugal não vai ser prejudicado e o FC Porto também não. Se a regra for alterada, sabemos jogar 6x6", garantiu."Seleção e FC Porto têm soluções"