Miguel Viterbo fala da final da Taça de Portugal, da indefinição quanto à Europa, da criação da equipa B e do novo modelo competitivo em 2018/19.
Corpo do artigo
O Valongo, campeão em 2013/14, foi, esta época, quinto, atrás de Sporting, Benfica, FC Porto e Oliveirense, tendo ficado apenas a cinco pontos da Liga Europeia, e despediu-se com a final da Taça de Portugal, perdida para o FC Porto. Miguel Viterbo, capitão da equipa que ganhou o título há quatro anos e que cumpriu a sua segunda época e meia como técnico, vai agora de férias com um misto de tristeza, orgulho e vontade de lutar por mais. "Tendo em conta que o FC Porto teve de passar Oliveirense, Sporting e Benfica, acaba por ser um vencedor justo, mas, olhando à final-four, o Valongo seria o justíssimo vencedor. Foi a melhor equipa. Pelo percurso imaculado, porque não é fácil jogar em casa do Tomar nem na Marinha Grande, a Taça deixou-me orgulhoso dos meus jogadores, mas também muito triste pelos atletas e pelos adeptos a quem queria agradecer o apoio. Esta equipa teve o condão de trazer aquele entusiasmo do ano do título", afirmou Viterbo, que considerou ter havido "um Valongo antes e outro depois da paragem de um mês [março/abril]" que acabou com a série de dez jogos se perder: "Não se tratou de menos compromisso ou foco, mas refletiu-se em menor intensidade. Não nos desculpamos, porque conhecíamos o calendário desde o início, mas quem dirige devia ver melhor isso, porque não faz sentido a meio da época entrar numa espécie de pré-época."
"Gostava muito de ir à Taça CERS mas entendo a posição da Direção"
Apesar de ter conquistado o direito desportivo de estar na Taça CERS 2018/19, o Valongo, devido a questões financeiras, ainda não decidiu se poderá disputar a prova, o que Miguel Viterbo compreende: "Gostava muito, mas entendo a posição da Direção. Já gostava de ter ido na última época, porque tínhamos equipa para no mínimo estarmos dentro de uma final-four."
Enquanto aguarda, há para o ano, pelo menos, duas novidades, uma delas a criação da equipa B. "Serve para fazer crescer os miúdos, dar lhes competição que lhes traga maturidade. O Benfica B, por exemplo, está a disputar o título da II Divisão e isso dá outro andamento. A III Divisão não é aquilo que queremos, o objetivo passa por subir a equipa B à II Divisão", explicou Viterbo, debruçando-se ainda sobre o novo modelo competitivo (campeonato com primeira fase e segunda fase com metade dos pontos, que acrescenta 14 jogos): "Não se entende a divulgação tardia do plano, mas quanto ao novo formato, a federação não tem culpa. Foi a maioria dos clubes que quiseram este modelo. O Valongo propôs play-off. Sobre o novo formato, propusemos jornadas duplas sem ser à quarta-feira, porque só há quatro equipas profissionais e não é fácil para quem trabalha jogar sistematicamente a meio da semana."
O elogio à equipa, as saídas e os reforços
Para o técnico, o segredo da boa época está "nos jogadores, que sendo de uma equipa não-profissional, se comportam como verdadeiros profissionais" e, sem dúvidas, acrescenta: "A equipa com que fomos campeões tinha a maior ambição que já vi, esta tinha uma capacidade de trabalho ainda maior". Na hora de se despedir de Xavi Poka e Guilherme Silva, o treinador referiu. "O Poka tem um grande caráter, é um enorme profissional e sabe onde tem de mexer para se tornar ainda maior. O Xavi é um bom exemplo do que é um miúdo que tem mais maturidade do que muitos de 30 anos. É muito exigente com ele mesmo. Não é fácil de encontrar. O Guilherme cresceu imenso e foi muito útil especialmente naquela que era a sua maior debilidade: a defesa. Continuará a crescer". Sem esquecer, a importância de Leonardo Pais, realçou: "Fez época extraordinária, com muita humildade, e, se calhar, este ano merecia a oportunidade de fazer pelo menos esta fase na Seleção Nacional [pré-convocatória]. Foi importante não só na final-four da Taça, mas durante toda a época. A exemplo do Sporting, campeão justo e equipa menos batida não só por ter o Girão na baliza mas pela defesa dar poucas hipóteses, o Leonardo também teve essa defesa à sua frente; eles sabem onde a bola vai cair e isso é mais fácil para eles."
Dentro de alguns meses, estarão de regresso João Souto e Nuno Araújo que chegam com Gonçalo Pinto, campeão no Lodi (Itália), a empréstimo do Benfica: "Esperamos muito deles, conhecemos bem o Souto e Araújo que já foram felizes em Valongo. O Gonçalo tem muito potencial, tem todas as capacidades para evoluir e chegar onde quer. Vem para o sítio certo."
Entre saídas e entradas, Viterbo fez questão de deixar uma palavra na despedida do dirigente João Almeida: "Foi com ele que vim para o Valongo como jogador e treinador. É com pena que o vejo sair. Foi importante no crescimento do Valongo e vai fazer falta ao clube. Contudo, confio nas pessoas que continua que também fazem parte deste crescimento."
Cabestany como inspiração
Miguel Viterbo, que se prepara para o seu terceiro ano no comando-técnico do Valongo, assegura que está "a adorar" - "já quando era jogador dizia que ia ser melhor treinador do que jogador [risos]", brincou - e revela que, para além dos que o treinaram (Paulo Pereira, Paulo Freitas e Pedro Nunes), na sua "visão do jogo atual" identifica-se "com as ideias do Guillem Cabestany."