Fundão sustenta liderança invicta da Liga Placard com "trabalho estruturado continuado"
Formação da capital da cereja, a surpreender esta época, somou 21 pontos em outros tantos possíveis desde o arranque do principal campeonato português
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A Associação Desportiva do Fundão (ADF) lidera a I Liga de futsal, façanha justificada pelo presidente do clube com "um trabalho estruturado continuado", vincando que "só os mais distraídos podem achar que é sorte" momentânea.
Com sete vitórias alcançadas em sete jornadas, a formação beirã venceu o campeão Sporting e tem mais três pontos do que os próprios leões e ainda o Benfica, equipas com um orçamento "quatro vezes superior" e candidatas ao título
"Só os mais distraídos podem pensar que o Fundão está em primeiro por um momento de sorte. É fruto de um trabalho estruturado, do investimento em condições de treino, da qualidade de treino, da qualidade dos jogadores e treinadores e de uma estrutura dedicada. A sorte dá muito trabalho", realçou Rui Quelhas, em declarações à agência Lusa.
O presidente da "Desportiva", como o clube é conhecido localmente, recordou que a equipa está há 15 anos consecutivos no principal escalão do futsal nacional, conquistou a Taça de Portugal em 2013/14, disputou duas finais da Taça da Liga, uma final da Supertaça, há uma década que não falha os "play-off" e na última temporada foi terceiro classificado na fase regular e eliminado nas meias-finais.
"Por uma simbiose de situações, estamos em primeiro. Essa situação pode mudar a qualquer altura. É quase impossível que a Desportiva não perca pontos, mas no ano passado só perdemos seis, quatro deles com o Benfica e o Sporting", referiu Rui Quelhas.
O dirigente frisou que o Fundão foi o primeiro clube, além do Benfica e Sporting, "a assumir a profissionalização dos jogadores" e há muito "tem sido o grande trampolim de jogadores". Dos campeões do Mundo na Lituânia, Pany, Pauleta, Erick e André Sousa passaram pelo emblema da capital da cereja, tal como o selecionador adjunto José Luís Mendes e o fisiologista Bruno Travassos, que treinaram a Desportiva.
O Fundão, com formação de atletas em todos os escalões, tem apostado em jogadores jovens com potencial "e ambição" e esse tem sido "o trunfo" do clube, segundo o presidente.
"Os jogadores preferem vir ganhar menos para o Fundão do que ir para outros clubes, porque são jogadores jovens, que querem apostar na sua carreira no futsal, e veem o Fundão como o clube onde podem evoluir. Sem esse trunfo, em termos financeiros não teríamos hipóteses, porque somos dos clubes que praticam dos vencimentos mais baixos", enfatizou Rui Quelhas.
O capitão e internacional português Mário Freitas, chamado para os próximos dois compromissos da seleção, destacou a "continuidade de um projeto sério, com pés e cabeça, com ambição e à procura de uma constante evolução".
"Quem passa por aqui sai muito melhor jogador, porque o clube trabalha de forma muito profissional", salientou, em declarações à agência Lusa, o ala, que, depois da passagem pelo Benfica, regressou a um emblema que é "referência na modalidade", "potencia jogadores para outros patamares", "é competitivo, quer andar sempre nos lugares cimeiros e a "morder os calcanhares" aos ditos grandes".
David Gomes, a par de Wilson Cabral e Peléh, oriundos dos juniores do clube, é natural do concelho vizinho da Covilhã e considerou que "quem começa no futsal vê a Desportiva como uma oportunidade".
O também estudante de Gestão observou que ter um clube do distrito de Castelo Branco há tantos anos no principal escalão "atrai jogadores e estimula os outros clubes da região a desenvolverem-se".
Depois de 15 anos no plantel, o ex-capitão, Nuno Couto, está na quinta época no comando técnico do Fundão, e enalteceu o "registo histórico, que tem de se valorizar", de nos últimos 30 jogos apenas contabilizar seis derrotas, "um orgulho" de que lhe dão conta na rua.
"O Fundão é um habitué nos primeiros lugares da tabela. Estamos em primeiro com mérito e não podemos baixar a guarda", reforçou o treinador, que no balneário tem procurado "manter a cabeça dos jogadores na terra".