Kikas enaltece o papel do pai, Nuno Morais, ex-internacional de râguebi, que o acompanha desde sempre nesta carreira no surf.
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Além da ajuda paterna, o surfista português também teve o apoio do tio Tomaz Morais, antigo selecionador nacional de râguebi. As férias comuns em família tornaram-se uma busca pelas melhores ondas. Numa família ligada ao râguebi, Frederico Morais pendeu para o surf, que descobriu aos cinco anos com recurso a uma prancha de bodyboard. À primeira ficou de pé.
Qual o papel do seu pai nesta caminhada? Ele não sabia nada de surf e apoiou-o sempre incondicionalmente...
Sem ele não estaria aqui, não conseguia. Sempre me apoiou, fez-me ser melhor, obrigou-me a ser melhor. Nunca me deixava sair do mar sem apanhar uma onda boa. Ou seja, a minha última onda tinha de ser boa, senão tinha de voltar para a água. Ainda hoje, levo isso comigo, estando ele na praia ou não. Ir comigo à procura das melhores ondas era a prioridade. A minha família sacrificou férias para podermos ir para sítios de surf e eu poder treinar.
Ele acreditou mais do que o Frederico?
É capaz. Se há alguém que não tinha uma única dúvida de que me ia qualificar, era ele. É uma pessoa com muita raça, que, de manhã, treina todos os dias, das 5h30 às 8h00 e depois vai trabalhar. Essa vontade dele e do meu tio deram-me garra.
O tio também influenciou?
Também foi uma pessoa-chave. É o irmão mais novo do meu pai, acabou por ser inspirado por ele e tornou-se num ícone em Portugal. Sabe muito bem como nos motivar a querer mais e treinar mais.
Nunca o quiseram levar para o râguebi?
-Não, mas eu sempre gostei. Antes, via os jogos da Seleção, hoje vejo mais os do Cascais, onde o meu tio está. Não posso jogar, porque há muito contacto e muitas lesões. Às vezes brinco, faço uns passes, dou uns pontapés.
"A minha família sacrificou férias para podermos ir a sítios de surf"
Para evoluir e com o apoio da família, Frederico Morais começou a viajar pelo mundo bastante cedo, de tal forma que foi ao Havai pela primeira vez aos 11 anos. "Íamos um mês no Natal, fazíamos férias e era um sítio onde podia aprender e sair da zona de conforto", conta.
Depois, seguiram-se as viagens sozinho, a partir dos 14 anos, obrigando-o a aprender inglês e orientar-se por si nos aeroportos. "Isso fez-me crescer e a deixar de ser envergonhado", acrescenta, não tendo dúvidas em afirmar que gosta desta vida itinerante. "Já me habituei, faz parte do meu dia a dia e não me posso queixar. Tenho bons amigos no surf", assenta o jovem, que pretende passar o Natal em família e fazer uma viagem em amigos na passagem de ano.
Ao passar tantos dias fora de casa, o atleta garante que nada bate a comida portuguesa. "A Austrália tem uma comida ótima e muito saudável. Nos Estados Unidos é complicado. No Havai também, não há muitos restaurantes. Bali, na Indonésia, tem comida boa. Todos os sítios vão tendo uma comida tradicional que uma pessoa acaba por gostar, mas não há nada como Portugal. Não dá para comparar", assegura.