"Francisco Cabral tem tudo para ser ainda melhor e aspirar a uma final de um torneio do Grand Slam"

Francisco Cabral
Nuno Marques treinou Francisco Cabral na transição de juvenil para profissional daquele que é um dos melhores jogadores de pares da atualidade. Ninguém nasce a sonhar que um dia será o número um do ranking de pares, mas quando esse objetivo se perfila é sinal de que existe um trabalho de base, que dois portuenses se encarregaram de produzir.
Já lá vão quase dez anos desde que Francisco Cabral deixou de ser treinado por Nuno Marques, após quatro temporadas em que a boa formação do jogador no Sport Club do Porto teve continuidade no Clube Ténis do Porto, sob as ordens do então selecionador nacional que, nessa altura, já vislumbrava "muitos bons sinais de um futuro duplista de elite", como lembra a O JOGO o atual diretor técnico da Rafa Nadal Academy, no Kuwait.
"Foi um ótimo júnior, via-se que tinha boas aptidões para a vertente de pares, mas o que naturalmente mais importava era ser bom jogador de singulares", recua Marques ao período em que "um miúdo impecável e bastante confiante nas suas capacidades" lutava pelo primeiro ponto ATP. "O Francisco nunca foi aquele tenista inseguro e essa é uma das características mais importantes que o faz chegar a este nível brutal", aflora o treinador portuense, de 55 anos, que recorda "existirem aspetos na execução do vólei que captava facilmente, tal como no golpe de serviço mais aberto, mas sempre focado nos singulares".
Nuno Marques destaca a "trajetória consistente", marcada por "vários títulos em Challengers" e colocando a conquista do Estoril Open, em 2022, ao lado de Nuno Borges, como o "ponto de partida" para atingir um "nível altíssimo, que terá de manter e estar preparado para grandes cometimentos". "O Francisco tem tudo para ser ainda melhor e aspirar a uma final de um torneio do Grand Slam, sabendo que nos pares tudo pode acontecer, para o pior ou para o melhor, naqueles encontros resolvidos em super tiebreaks", sublinha o antigo 58.º do ranking ATP de pares, "pouco surpreendido" com o 20.º lugar do seu protegido.
Confrontado com o facto de a variante de pares ter dificuldades em deixar de ser o parente pobre dos individuais e tornar-se vendável, Marques reafirma-se apaixonado pela versão de equipa e alerta para o "interesse que os pares estão a despertar nesta expansão que o padel está a viver". "Acho super excitante ver um jogo de pares a um bom nível", assume, antecipando "muitos anos pela frente na elite" a Francisco Cabral, que completa 29 anos a 8 de janeiro, e não desdenha "competir até aos 40, caso esteja a lutar para ser o número um", como disse este ano ao nosso jornal.
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Treinador Marques com Nadal
Primeiro português no top 100 do ranking mundial (e 58.º nos pares), o portuense Nuno Marques lançou Francisco Cabral e é atualmente o diretor técnico da Rafa Nadal Academy do Kuwait.

Um título com o filho do treinador
Entre os muitos troféus que Francisco Cabral expõe nas prateleiras, consta a Taça Diogo Nápoles, com a réplica de uma das destinadas à dupla vencedora da edição de 2015 do evento de Sub-18, que se disputava no Lawn Tennis Clube da Foz. Para além de primeiro título internacional, fica para a história o facto de ter sido conseguido ao lado de João Marques, filho do coach Nuno. "Deu-se essa coincidência incrível na minha ligação ao Francisco", recorda o pai Marques, orgulhoso pelo primeiro passo dado pelo pupilo e com o contributo do Joãozinho. Seguiram-se os torneios Futures e um total de 13 títulos, aos quais se juntaram mais 15 nos Challengers e cinco no ATP Tour, três em 2025, na companhia do austríaco Lucas Miedler, em Gstaad (Suíça), Hangzhou (China) e Atenas (Grécia).
Luís Faria é o técnico com 25 anos
Depois de Frederico Marques se ter tornado no mais jovem treinador de um tenista do top-100 de singulares, em 2013, aos 26 anos, orientando João Sousa, Francisco Cabral também optou por um técnico invulgarmente jovem no circuito profissional, como é o caso de Luís Faria, antigo jogador do CAR, tal como o portuense, e parceiro de pares. O vimaranense tinha 25 anos quando foi contratado, na última primavera, como primeiro treinador de um amigo de longa data e o resultado está à vista: Cabral é o melhor jogador português de pares de todos os tempos.
