Maior clássica portuguesa ainda não sonha com a subida ao World Tour, mas exibição de Evenepoel e muito público deixaram feliz o organizador, Carlos Pereira
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A Soudal-Quick Step venceu as duas primeiras edições da Figueira Champions Classic, a do passado sábado com uma exibição memorável de Remco Evenepoel, que cumpriu isolado 51 dos 192,4 quilómetros, distância de última hora, pois a ameaça de mau tempo levou a organização a anular uma das quatro voltas ao circuito final. Uma medida tão acertada que as três voltas, com duas montanhas cada, vão passar a ser a solução de futuro.
“Tivemos dias de sol antes da prova, para na véspera surgir um temporal que obrigou a redesenhar quase tudo. Mas foi um êxito. O tempo esteve bastante bom, atendendo às previsões, e ganhar o Remco, estando na sua primeira corrida do ano e exibindo-se com aquele nível... Não podíamos pedir mais”, diz Carlos Pereira, CEO da Fullracing, organizadora da prova, que acredita está garantida no escalão ProSeries, o segundo mundial.
“Não tenho essa preocupação, até porque não existiram detalhes que dessem notas negativas. Muito pelo contrário. Esteve cá o representante dos ciclistas na área da segurança e disse-nos ter sido das corridas mais seguras, bonitas e bem disputadas que acompanhou”, explicou.
O crescimento e o êxito da Figueira Champions permite sonhar com o escalão máximo, o que seria inédito em Portugal, mas Pereira não tem essa prioridade. “O grande objetivo da clássica é colocar a Figueira no mapa. Isso está conseguido, e fez-se em dois anos. Entrar no World Tour não me faz confusão, mas vamos dar um passo de cada vez. Todos os diretores desportivos das dez equipas do World Tour nos deram os parabéns, achando a prova excecional. Tivemos um grande elogio do Stefano Bortolotti, speaker do Giro de Itália, que nos deu uma animação extraordinária e confessou não esperar uma prova deste nível”, conta Carlos Pereira, confessando que terminou o dia “emocionado, por termos ido da tempestade à bonança e tudo correr bem”, e considerando que “o grande obreiro desta realização é o Município da Figueira, que teve a coragem de arriscar numa prova de ciclismo internacional”. Uma subida ao escalão máximo “poderá ser uma consequência lógica, se se continuar neste registo”.
Garantindo que todos os anos terá “alterações de pormenor no traçado”, Carlos Pereira revela que a base será “sempre a deste ano”, com as três voltas ao circuito a serem “a partir de agora o barómetro”. Até porque teve outra surpresa: “Dizia-se que com o mau tempo ninguém iria ver e tivemos muito mais gente do que na primeira edição. Nas duas subidas era uma multidão brutal”.