Fez história no FC Porto e está de regresso a Portugal: "Venho para fazer jogadores"
ENTREVISTA, PARTE I - Obradovic passou por vários países, mas é em Portugal que se sente como se estivesse em casa. Levou o Belenenses ao último título (93/94), tornou-se histórico no FC Porto (seis campeonatos) e agora é tempo do Avanca
Corpo do artigo
Ljubomir Obradovic deve ser o sérvio mais português do andebol nacional. Chegou, como jogador, em 1988, para o Vitória de Setúbal, depois, em 1990, para o Comércio e Indústria. Em 1993/94, já nas funções de treinador, foi campeão nacional pelo Belenenses. Ainda passou por Madeira SAD (Taça de Portugal) e ISAVE até chegar, em 2009/10, ao FC Porto, clube ao serviço do qual, em seis temporadas, ganhou seis campeonatos, estabelecendo um recorde que será difícil de bater. Aos 67 anos, está de novo por cá, agora no Avanca.
Portugal é cada vez mais um segundo país para si. Como se sente com este regresso?
-Sinto-me bem, muito bem. Agradeço por estar aqui de novo a trabalhar, num andebol que cresceu muito nos últimos anos, que participou nos Jogos Olímpicos, no Europeu, no Mundial, tem três clubes de verdadeiro alto nível, FC Porto na Liga dos Campeões, e Benfica e Sporting na Liga Europeia. Agora há que continuar, mas sem nos esquecermos de trabalhar com os mais novos. Além disso, não se pode ficar contente com o que Portugal tem conseguido, porque isso é perigoso.
Como se deu esta vinda para o Avanca?
-Tinha acabado o contrato com seleção feminina da Sérvia e ligou-me engenheiro José Costa para ver se eu queria e se podia vir. Pensei e disse: "Ok, vou tentar fazer o meu trabalho". Esta é uma equipa muito jovem, que precisa muito de trabalhar e trabalha sem protestar.
Trabalhar com Obradovic sem protestar é algo pouco habitual...
- [risos] Seguramente que alguém lhes disse com quem iam trabalhar e pode ser que isso tenha ajudado. É para trabalhar, é para trabalhar, não vale a pena protestar.
O que lhe pediram?
-Na minha altura, o FC Porto ajudou muito o Avanca. Certa vez disse ao professor Magalhães que era preciso pôr atletas jovens a jogar, atletas que naquele momento não tinham lugar no FC Porto e foram para o Avanca e para ISMAI [agora U. Maia]. Mais tarde, o Carlos Martingo começou a trabalhar aqui, fez um trabalho mesmo muito bom, foi à final four da Taça, depois veio o Marco Sousa, a seguir o Ricardo Costa e agora estou eu a ver o que posso fazer.
Que metas tem?
-Não é para lutar pelo primeiro lugar, nem para ganhar Taça, venho para fazer jogadores, construir uma equipa.
Sempre gostou de formar atletas. O que gosta particularmente nesse "ensino"?
-Sempre gostei de ver um jogador crescer a cada dia, semana, mês, a cada ano. Perceber que, com tempo e trabalho, estão a um nível cada vez mais alto. Isso é o futuro. Os mais velhos não estão para isso. Quando eles aprenderem que a primeira coisa é defender, que não adianta nada marcar oito/dez golos, se sofrermos mais, quando aprenderem outras coisas, vai notar-se a evolução. Adoro ver os jogadores a crescer. E tenho consciência de que temos de respeitar a idade, é preciso tempo, tenho atletas no plantel com 17 anos, mas com um grande futuro.
14223371
14223387