Antigo basquetebolista dos Lakers falou sobre as dificuldades, sobre a pressão e a necessidade de pedir ajuda
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Nos últimos tempos foram vários os desportistas que levantaram o véu sobre um dos temas mais tabú no seio do desporto-rei: o da saúde mental. Depois de Naomi Osaka e de Simone Biles, desta vez foi Metta World Peace a falar sobre o assunto, num regresso ao passado sincero e cru.
O antigo basquetebolista dos Lakers, campeão em 2010 e um dos melhores defensores da Liga na primeira década do século, destacou o trabalho do psicólogo no sucesso, depois de uma infância, no mínimo, conturbada.
"Acontecem coisas diferentes nas ruas que criam traumas. Coisas que acontecem em casa: um irmão que se foi embora durante 10 anos, tráfico de droga.... Estou muito familiarizado com armas, eu fui pai quando era adolescente....Tudo isso começa a acumular-se. Estás num mundo profissional, mas não és um profissional", afirmou o norte-americano, em entrevista à ESPN.
World Peace recordou ainda o papel de Dennis Rodman na quebra de preconceitos acerca do tema da saúde mental.
"Dennis Rodman foi o primeiro a dizer publicamente que estava a gerir a sua saúde mental. Quando vi isso, pensei: 'Oh, uau. Eu não sabia disso. Acabei por me afeiçoar a ele. Como, 'Oh, eu sinto-te, eu compreendo o que estás a passar'. Mas as pessoas não vêm as coisas dessa forma. Ninguém escreveu histórias sobre o assunto. Os pais dele não estavam presentes e ele não tinha casa. Foi por isso que mudei o meu número para 91".
O antigo campeão deixou ainda no ar várias mudanças que gostaria de ver concretizadas para que, num futuro próximo, a conversa e a discussão sobre estes temas passe a ser encarado como algo natural.
"É difícil para um parceiro se não se tem realmente a experiência, mas muitos jogadores vieram ter comigo para se certificarem de que eu estava bem. É esse equilíbrio de dar encorajamento e depois perguntar: 'Ei, o que se passa? Isso é basquetebol", diz ele. E é nisso que ele está a trabalhar nestes dias, construindo aquele basquetebol para contornar os problemas emocionais que sofreu: "Não é preciso muito para ter um programa para isso. E eu penso que estão a fazer um bom trabalho. Tenho 41 anos de idade e tento falar com os mais novos sobre saúde mental. De facto, tento treinar crianças que cresceram de uma forma semelhante à minha para lhes dar algumas opções diferentes", concluiu.