"Esta foi uma época em que tudo aconteceu". A história e a luta do novo treinador do Juventude de Viana
André Azevedo superou um acidente em rinque que lhe provocou uma grave lesão ocular no ano em que planeava deixar de jogar. Agora, luta pela implementação de capacetes.
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No início da época, André Azevedo traçou um objetivo: jogar mais um ano e depois preparar a carreira de treinador. Um acidente em jogo, que lhe valeu uma lesão ocular, afastou-o das pistas e a saída prematura do treinador do Juventude de Viana precipitou a estreia como técnico.
Pendura os patins depois de um enorme susto e, ainda a recuperar, já veste o fato de treinador. Esta época não irá esquecer...
-Sim. Tive um aviso, em novembro, num jogo em casa para a Taça CERS. Uma bola atingiu-me a cara e parti três dentes. Usei uma máscara durante um mês e três semanas depois aconteceu o outro acidente. Nunca tive grandes lesões, só uns cortes na boca, costas, lábio, sobrolho, nariz. Mas agora foi uma bola direta ao olho, um remate a um metro, a 100 km/h...
O que pensou nesse momento difícil?
-Tentei encarar de forma positiva. Mas pensei que já podia ter acabado a carreira em Oliveira de Azeméis. Só que, quando me convidaram para ir para Viana, acedi porque tinha sido um clube onde tinha vivido bons momentos. Depois, com a chegada do Renato [Garrido], fiquei mais um ano. Agora, tinha pensado que no final da época podia deixar de jogar e tirar um ano sabático para tirar o curso nível três de treinador.
Com a sua hospitalização, seguiu-se uma onda de lesões que deixou a equipa sem jogadores suficientes até para treinar....
-Esta época, tudo nos aconteceu. A equipa estava a atravessar uma fase muito boa com oito jogos consecutivos sem perder e estávamos motivados, mas, de repente, levámos um choque emocional. Estragou-nos a época toda.
Agora está a trabalhar com a federação para que no futuro seja obrigatório o uso de capacetes?
-A segurança só evolui na desgraça dos atletas. O hóquei está cada vez mais rápido. Há 20 anos, as bolas viajavam a pouca velocidade, Hoje, todos batem acima de 100 km/h. Quero ajudar a mudar a questão da segurança.
Quais são os planos?
-A ideia é a implementação faseada de capacetes na formação, elegendo, inicialmente, um escalão. No hóquei no gelo, todos usam e ninguém se queixa. Temos de nos adaptar. Quanto mais rápido, melhor. Tenho dois filhos a jogar e não gostava que lhes acontecesse nada.
E agora, pronto para a despedida?
-Despeço-me de um longo percurso em que nunca pensei chegar tão longe. Despeço-me de bem com todos e sem mágoa pelo acidente. O hóquei deu-me muito e agora desacelero um pouco também para dar algo à minha mulher [Sónia] que tanto me apoiou e ter mais tempo para os meus filhos [Henrique, Gustavo e Núria].